domingo, 24 de janeiro de 2010

Reflexão

"... O mais altruísta dos amigos que um homem pode ter neste mundo egoísta, aquele que nunca o abandona e nunca mostra ingratidão ou deslealdade, é o cão"
" Senhores Jurados, o cão permanece com seu dono na prosperidade e na pobreza, na saúde e na doença. Ele dormirá no chão frio, onde os ventos invernais sopram e a neve se lança impetuosamente. Quando só ele estiver ao lado de seu dono, ele beijará a mão que não tem alimento a oferecer, ele lamberá as feridas e as dores que aparecem nos encontros com a violência do mundo.
Ele guarda o sono de seu pobre dono como se fosse um príncipe.
Quando todos os amigos o abandonarem, o cão permanecerá.
Quando a riqueza desaparece e a reputação se despedaça, ele é constante em seu amor como o Sol na sua jornada através do firmamento. Se a fortuna arrasta o dono para o exílio, o desamparo e o desabrigo, o cão fiel pede o privilégio maior de acompanhá-lo, para protegê-lo contra o perigo, para lutar contra seus inimigos. E quando a última cena se apresenta, a morte o leva em seus braços e o corpo é deixado na laje fria, não importa que todos os amigos sigam seu caminho: lá ao lado de sua sepultura se encontrará seu nobre cão, a cabeça entre as patas, os olhos tristes mas em atenta observação, fé e confiança mesmo à morte".

Este tributo foi apresentado ao júri pelo ex-senador George G. Vest ( então advogado), que representou o proprietário de um cão morto a tiros propositadamente, pelo vizinho. O fato ocorreu há um século na cidade de Warrensburg, Missouri, nos EUA. O senador ganhou o caso e hoje existe uma estátua do cão na cidade e seu discurso está inscrito na entrada do tribunal de justiça ainda existente na cidade

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Os amigos abandonados


No verão, quase dobra a quantidade de cães brasileiros que vão parar
nos abrigos ou nas ruas porque seus donos não os querem mais.

Nathália Butti

Assim como agosto é chamado o mês do cachorro louco, o verão é a estação do cachorro abandonado. Muita gente viaja, não tem onde deixar o bicho e prefere abrir mão dele. A Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), que abriga 8 000 cães e gatos no Rio de Janeiro, costuma acolher em média quarenta animais abandonados por dia – no verão, o número sobe para sessenta. Calcula-se que haja no planeta 250 milhões de cães domésticos, 32 milhões deles no Brasil – a segunda maior população canina do mundo, atrás apenas da dos Estados Unidos. Além das férias, entre os motivos mais frequentes que levam muitos donos de cachorros a abandoná-los estão a mudança da família para uma casa menor, a perturbação causada pelos latidos e o desconhecimento do trabalho que dá criar um animal.

Lançar mão de entidades como a Suipa é a opção de muita gente que deseja renunciar ao seu bichinho, mas existem outros recursos menos convencionais – para não dizer cruéis. É comum que os cães sejam simplesmente largados nas ruas e estradas. Há quem lance mão de um truque desonesto: levar o cachorro ao pet shop, para tomar banho, e não voltar para recolhê-lo. Cansados de receber calotes desse tipo, há três meses os proprietários do Pet Center Marginal, em São Paulo, passaram a exigir a apresentação de identidade dos clientes. Dessa forma, podem rastreá-los caso desapareçam. "As pessoas traziam o animal aqui para banho ou tosa e nunca mais vinham buscá-lo", conta Valéria Bento, gerente do estabelecimento.

Para o cão, o abandono por parte do dono é uma experiência devastadora, da qual ele dificilmente se recupera. Os cachorros, como seus ancestrais, os lobos, são programados pela evolução para seguir o líder da matilha. No caso dos cães de estimação, esse líder é o dono – sem ele, o animal fica desorientado e perde suas referências. Muitos recusam comida, entram em depressão e chegam a morrer de tristeza. "Quando o cão tem um líder e o perde, vive uma eterna busca para obtê-lo de volta", diz Hannelore Fuchs, veterinária e psicóloga de animais, de São Paulo. A única forma de reverter a carência e a aflição dos cães abandonados é encontrar-lhes um novo dono. Esse é o papel dos autodenominados protetores independentes, pessoas que, sem o apoio de instituições, recolhem cachorros das ruas, dão abrigo, alimento e vacina aos bichinhos e depois correm atrás de um novo lar para eles.

A atriz carioca Betty Gofman é uma das pessoas engajadas nessa causa. Três anos atrás, ela viu uma cadelinha em meio a uma poça de lama na estrada. Sentiu pena, mas passou reto. Quando decidiu voltar para resgatá-la, soube que havia sido atropelada. A experiência fez com que começasse a recolher animais abandonados nas ruas. "Tenho um acordo com meu marido de pegarmos, no máximo, dois cachorros ou gatos por vez. Nos últimos três anos, já consegui lar para mais de 100 animais e fico com eles o tempo que for preciso", conta Betty, que tem seisanimais de estimação permanentes. O trabalho do biólogo Lito Fernandez, de São Paulo, tomou proporções ainda maiores. Depois de encher a casa de animais – já chegou a ter oitenta bichos juntos e a contratar pessoas para ajudá-lo na manutenção –, ele organizou o Projeto Natureza em Forma, que promove a adoção de animais abandonados. O projeto funciona há seis anos, conta com 25 voluntários e já conseguiu lar para 2.200 cães. Fernandez recolhe os animais no Centro de Controle de Zoonoses e os leva a feiras e eventos onde possa haver pessoas interessadas em adotá-los.

Um fator que colabora para elevar o número de cães abandonados é que, de tempos em tempos, torna-se moda possuir um animal de determinada raça. Desde que a collie Lassie fez sua estreia nas telas de cinema, em 1943, basta uma raça ganhar os holofotes para que a procura por seus espécimes aumente (veja o quadro abaixo). Passado o modismo, muitos donos não querem mais saber de exibir o animal, ou acham que ele dá muito trabalho. Há três anos, o empresário paulista Marcelo Januário leu o best-seller Marley & Eu, do americano John Grogan, em que os protagonistas são um labrador e seu dono, e se entusiasmou com a ideia de comprar um cão da mesma raça. Pagou 630 reais por um filhote de fêmea, mas, dois anos depois, precisou doar o animal. "Ela passava muito tempo sozinha, então comia desde sapatos até o controle remoto, destruiu o sofá e latia a noite toda. Eu a adorava, mas não tinha noção do trabalho que dava", explica Januário.

Para estimular a posse responsável de animais e diminuir o abandono de cães nas ruas e abrigos, há dois anos o governo suíço promulgou uma lei curiosa. Quem compra um cachorro, além de registrá-lo, precisa fazer um curso que envolve teoria (necessidades e desejos dos animais) e prática (situações que podem acontecer durante um passeio com o animal, por exemplo). Abandonar o melhor amigo do homem não é hábito só dos brasileiros.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Omissão

“Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”.
(Edmond Burke)

Creio que alguns de vocês já tiveram a oportunidade de assistir aos documentários sobre nossos irmãos em abatedouros, sobre outros irmãos utilizados para testes e experiências, já ouviram falar das atrocidades cometidas contra os irmãos utilizados para artigos de peles, para circos, zoológicos, enfim, um sem-número de atividades que nada mais são do que a exploração dos irmãos animais. Por trás da exploração está aquele, cujos motivos são o lucro, cujo propósito é tirar vantagem, sem levar em consideração a vida e os direitos do outro.

Mas por trás disso também estamos nós, consumidores que, esquecendo de nossos irmãos, consciente ou inconscientemente, apoiamos seu abuso quando compramos seus serviços e produtos. Reproduzo aqui um dos apelos do beatle Paul Mc Cartney: “Não comprem objetos confeccionados com partes de animais: dentes de elefantes (marfim) com pelos e peles de animais, vestuário de couro, brinquedos, chaveiros, cintos, tapetes. São objetos conseguidos por meio de muito sofrimento, de mortes, são recheados de terror. Não carreguem essa vibração com vocês!”

Se não queremos mais ser usados para algo que não concordamos, algo que não combina com nossa moral, nossa ética, nossa alma, então é muito importante nos informarmos, ficarmos alertas para evitarmos escolhas que podem ir contra os nossos princípios.

Todos os nossos irmãos do Reino Animal precisam que estejamos cada vez mais conscientes da situação deles no Planeta, para que possamos, no mínimo, não sermos aqueles que ainda pioram sua situação.

Além disso, podemos também nos dispor a ajudá-los, e há muitas formas de fazer isso:
- Uma delas é não comê-los. As pessoas que têm interesse financeiros na continuidade desses atos de comermos a carne de nossos irmãos fazem o possível para disfarçar que aquilo que vendem é carne, de um seu irmão que tinha sua vida, vida essa tirada para que ele estivesse ali, no açougue, no supermercado, no restaurante, à espera de quem queira pagar pelo serviço de matança.

Em geral esse ser é apresentado em partes, de tal forma que pouco lembra aquele indivíduo enquanto vivo. Vem impregnado de temperos, corantes, conservantes e outros produtos químicos para disfarçar a decomposição que acontece naturalmente a qualquer corpo sem vida.

Será que se, para que pudéssemos comer a carne de um boi, uma galinha, um porco precisássemos matá-los com nossas próprias mãos, olhando nos olhos deles, ouvindo seus gritos, será que o faríamos?

No entanto, pagamos para que outros o façam, e os cozinhamos como se não tivéssemos nada a ver com isso… e ainda, em geral enganamos nossos filhos, omitindo aquela origem.

Quando nos referimos aos nossos irmãos, evidente que estamos falando também dos peixes e crustáceos, todos os habitantes das águas, porque, apesar de alguns restaurantes os chamarem de “frutos do mar”, eles não crescem em árvores e são seres vivos, que sentem medo e dor como os demais animais, humanos ou não.

- Outra forma de ajudar os animais é não apoiar rodeios, circos, zoológicos, programas de nadar com golfinhos, caças, touradas, vaquejadas etc. e nem as empresas que os patrocinam;

- Adotar, e não comprar animais de estimação, é também uma forma muito eficaz de ajudar os animais domésticos. Comprar um animal, seja doméstico ou silvestre, é concordar com sua exploração. E eles precisam do contrário, precisam que nós os salvemos. Precisam urgentemente de socorro. Nossos irmãos cães, gatos, cavalos, aves também estão sendo explorados, abusados, encarcerados, enjaulados, feridos, abandonados, tratados como objetos, como se não fossem seres vivos, sencientes, como se fossem coisas, produtos comerciáveis.

Da mesma forma como é proibida a comercialização de bebês humanos ou de órgãos humanos, deveria ser proibido também o comércio de animais. Certamente isso mudaria o panorama do intenso tráfico de animais e seria solução para muitos dos problemas de fiscalização e impunidade dos inúmeros crimes praticados contra eles. Para ajudar, além de não comprar, podemos trabalhar para que haja a proibição do comércio.
Podemos também sugerir aos parlamentares que conhecemos, para que se crie uma delegacia do animal.

Muitos de nós nos condoemos ao saber de uma situação de crueldade, ficamos com pena e temos boa intenção, comentamos com outros, como se assim passássemos adiante a responsabilidade. Isso não resolve, não ajuda. É preciso também a ação. Se alguém sofre pela situação de um animal e não faz nada, fica apenas o sofrimento. O da pessoa, e o do animal.

Em geral precisamos de ajuda para persistir na ação inteligente, para que ela atravesse a boa intenção e torne-se ação efetiva e constante em nossa vida.
Essa ajuda não vem de fora; esse estado, que gera o comportamento positivo, ativo, está dentro de nós; só temos que reconhecê-lo e almejar; a ajuda vem do estado de oração, da conexão com nosso eu mais profundo. Esse é o canal, para que a sabedoria maior esteja no comando de nossas ações. A compaixão, a solidariedade, a bondade estão dentro de nós… Só precisamos ter a coragem de expressá-las!

Numa segunda etapa, pode vir também ajuda externa, depois que já tivermos movimentado a roda do fazer. A partir de nosso exemplo, é bem provável que mais alguém, motivado pelo nosso exemplo se aproxime, encorajado a ajudar.

“Lembremo-nos de que, quando assumimos uma tarefa movidos pelo impulso da alma, temos ajudas especiais, nos momentos adequados”. (Trigueirinho)

Nota-se que quem está engajado em uma tarefa, uma causa, não tem depressão. Porque está transformando a impotência em potência, em ações positivas, está fazendo o que acredita ser correto e necessário fazer.

Para se ter mais liberdade, é útil identificarmos nossos vários eus: o eu medroso, o eu corajoso; aquele eu que mostramos aos outros; aquele que pensamos que somos; aquele que pensamos que deveríamos ser; aquele que os outros acreditam que somos… Qual deles queremos expressar? Qual deverá comandar nossa vida?

Enquanto não formos lá no interior silencioso conhecer nosso verdadeiro eu, aquele eu pacífico, inspirado, compassivo, altruísta, desapegado, intuitivo, amoroso, corremos o risco de gastar toda uma encarnação, ou várias, vivendo outro que não o único verdadeiro eu.

Por outro lado, quando nos desarmamos um pouco de nossos eus confusos, indecisos, obscuros, e deixamos emergir aquele eu sábio, nós recuperamos a coragem de fazer o bem. E com as ações resultantes dessa coragem, encontramos um sentido mais profundo para nossas vidas.

Pensemos juntos:

Se somos filhos de Deus, e se Ele, o Pai, viveu e vive para fazer o bem, que dúvidas ainda podem restar quanto à nossa tarefa?

Doar, doar, doar. Nos doar, doar trabalho, serviço, doar recursos. Doar trabalho é doar fé. É apoio. É manifestação de fé naquele projeto. Doar dinheiro é uma manifestação de confiança na correta aplicação daquilo.

Eu pergunto: nessas alturas dos acontecimentos, aqueles que têm alguma energia monetária, fazer o que com ela? Comprar mais um carro, deixar no Banco para ver ao que acontece? Encomendar um caixão de ouro? Acumular para deixar em herança? Vamos lembrar que a herança do exemplo de altruísmo, compaixão, desapego e solidariedade é ainda mais necessária. E essa não há crise financeira que leve embora.

Deveríamos dar graças a Deus se temos algum projeto confiável para onde dirigir parte desses recursos que estão sob nossa responsabilidade; recursos confiados a nós, para fazermos deles o melhor. Devemos dar graças por existirem projetos – já em andamento – de grupos que colocam em prática ações de acolher, curar, encaminhar, seres necessitados de todos os reinos para podermos repassar parte de nossos recursos, de nossa responsabilidade.

Há grupos que realizam o trabalho de resgatar e acolher animais em situação de risco e precisando de ajuda. Muitos desses irmãos animais sofreram maus-tratos severos nas mãos de seres menos esclarecidos e o mínimo que podemos fazer a esses irmãos é oferecer o oposto do que receberam: acolher, amar, curar, encontrar seres amorosos para adotá-los.

Se alguém quer ajudar os animais, quer fazer parte do serviço de redenção do carma negativo humano relativo a eles, participe disso. Doe material, doe serviço, doe recursos, e se alguém tem muito amor pelos animais para doar, adote! Doe um lugar no seu lar, chame-o para compartilhar do que você tem, oferte-se para ser seu guardião.

Se alguém já é um daqueles que sempre doam, doe um pouco mais
e se alguém nunca doou, doe hoje, não deixe a oportunidade passar.
Quando doamos ficamos mais leves, em todos os sentidos…

Pode-se também pode doar serviço participando de abaixo-assinados pela internet, cadastrando-se em listas de informativos de ONG’s para ficar informado, participando de manifestações pacíficas em prol do direito e do respeito à vida dos animais,

Alguém pode reunir pessoas em sua cidade para ajudar animais perdidos e abandonados; procurar uma ONG ou uma protetora independente local e ofertar serviço.

Com iniciativa, coragem, intuição, a ação sai melhor do que a gente pensava que era capaz.

Um dos ensinamentos de Buda diz:
“Não basta deixar de praticar o mal; é hora de praticar o bem.”
Esse ensinamento não é novidade para nós, e certamente todos concordamos com ele; mas será que o colocamos em prática?

É por meio do exemplo positivo que podemos melhorar o mundo. Ética não se ensina falando sobre ela; ética se pratica, e se irradia pelo exemplo, ao se agir com responsabilidade e consciência.

Podemos agora mesmo tomar a decisão de sermos éticos com os animais. Não só por eles, o que já seria motivo suficiente; mas também por nós mesmos, individualmente e como humanidade.

Vamos parar de construir carma tão negativo, vamos parar a matança, os abusos, o egoísmo, a indiferença, a omissão.

Vamos nos colocar no lugar desses nossos irmãos animais e nos perguntar: Isso que eles estão passando é justo? Se fosse comigo eu gostaria? Não? Se não é bom para mim, também não é bom para os irmãos animais.

Ninguém gosta de ser maltratado, abusado, abandonado, explorado, ninguém gosta de ter sua vida roubada.

Podemos nos decidir agora, neste instante, a fazer parte daqueles que pesam na balança do carma positivo. Daqueles que agem para equilibrar esse carma.
Você vai perder esta oportunidade?

Citação de Tereza D´Ávila no livro Nada te perturbe: ” Seu amor não pode ser algo que você imagine, algo que você deseje. Você deve prová-lo através de obras.”
E acrescenta: “O amor não pode ser escondido”.