sábado, 16 de janeiro de 2010

Omissão

“Para que o mal triunfe, basta que os bons não façam nada”.
(Edmond Burke)

Creio que alguns de vocês já tiveram a oportunidade de assistir aos documentários sobre nossos irmãos em abatedouros, sobre outros irmãos utilizados para testes e experiências, já ouviram falar das atrocidades cometidas contra os irmãos utilizados para artigos de peles, para circos, zoológicos, enfim, um sem-número de atividades que nada mais são do que a exploração dos irmãos animais. Por trás da exploração está aquele, cujos motivos são o lucro, cujo propósito é tirar vantagem, sem levar em consideração a vida e os direitos do outro.

Mas por trás disso também estamos nós, consumidores que, esquecendo de nossos irmãos, consciente ou inconscientemente, apoiamos seu abuso quando compramos seus serviços e produtos. Reproduzo aqui um dos apelos do beatle Paul Mc Cartney: “Não comprem objetos confeccionados com partes de animais: dentes de elefantes (marfim) com pelos e peles de animais, vestuário de couro, brinquedos, chaveiros, cintos, tapetes. São objetos conseguidos por meio de muito sofrimento, de mortes, são recheados de terror. Não carreguem essa vibração com vocês!”

Se não queremos mais ser usados para algo que não concordamos, algo que não combina com nossa moral, nossa ética, nossa alma, então é muito importante nos informarmos, ficarmos alertas para evitarmos escolhas que podem ir contra os nossos princípios.

Todos os nossos irmãos do Reino Animal precisam que estejamos cada vez mais conscientes da situação deles no Planeta, para que possamos, no mínimo, não sermos aqueles que ainda pioram sua situação.

Além disso, podemos também nos dispor a ajudá-los, e há muitas formas de fazer isso:
- Uma delas é não comê-los. As pessoas que têm interesse financeiros na continuidade desses atos de comermos a carne de nossos irmãos fazem o possível para disfarçar que aquilo que vendem é carne, de um seu irmão que tinha sua vida, vida essa tirada para que ele estivesse ali, no açougue, no supermercado, no restaurante, à espera de quem queira pagar pelo serviço de matança.

Em geral esse ser é apresentado em partes, de tal forma que pouco lembra aquele indivíduo enquanto vivo. Vem impregnado de temperos, corantes, conservantes e outros produtos químicos para disfarçar a decomposição que acontece naturalmente a qualquer corpo sem vida.

Será que se, para que pudéssemos comer a carne de um boi, uma galinha, um porco precisássemos matá-los com nossas próprias mãos, olhando nos olhos deles, ouvindo seus gritos, será que o faríamos?

No entanto, pagamos para que outros o façam, e os cozinhamos como se não tivéssemos nada a ver com isso… e ainda, em geral enganamos nossos filhos, omitindo aquela origem.

Quando nos referimos aos nossos irmãos, evidente que estamos falando também dos peixes e crustáceos, todos os habitantes das águas, porque, apesar de alguns restaurantes os chamarem de “frutos do mar”, eles não crescem em árvores e são seres vivos, que sentem medo e dor como os demais animais, humanos ou não.

- Outra forma de ajudar os animais é não apoiar rodeios, circos, zoológicos, programas de nadar com golfinhos, caças, touradas, vaquejadas etc. e nem as empresas que os patrocinam;

- Adotar, e não comprar animais de estimação, é também uma forma muito eficaz de ajudar os animais domésticos. Comprar um animal, seja doméstico ou silvestre, é concordar com sua exploração. E eles precisam do contrário, precisam que nós os salvemos. Precisam urgentemente de socorro. Nossos irmãos cães, gatos, cavalos, aves também estão sendo explorados, abusados, encarcerados, enjaulados, feridos, abandonados, tratados como objetos, como se não fossem seres vivos, sencientes, como se fossem coisas, produtos comerciáveis.

Da mesma forma como é proibida a comercialização de bebês humanos ou de órgãos humanos, deveria ser proibido também o comércio de animais. Certamente isso mudaria o panorama do intenso tráfico de animais e seria solução para muitos dos problemas de fiscalização e impunidade dos inúmeros crimes praticados contra eles. Para ajudar, além de não comprar, podemos trabalhar para que haja a proibição do comércio.
Podemos também sugerir aos parlamentares que conhecemos, para que se crie uma delegacia do animal.

Muitos de nós nos condoemos ao saber de uma situação de crueldade, ficamos com pena e temos boa intenção, comentamos com outros, como se assim passássemos adiante a responsabilidade. Isso não resolve, não ajuda. É preciso também a ação. Se alguém sofre pela situação de um animal e não faz nada, fica apenas o sofrimento. O da pessoa, e o do animal.

Em geral precisamos de ajuda para persistir na ação inteligente, para que ela atravesse a boa intenção e torne-se ação efetiva e constante em nossa vida.
Essa ajuda não vem de fora; esse estado, que gera o comportamento positivo, ativo, está dentro de nós; só temos que reconhecê-lo e almejar; a ajuda vem do estado de oração, da conexão com nosso eu mais profundo. Esse é o canal, para que a sabedoria maior esteja no comando de nossas ações. A compaixão, a solidariedade, a bondade estão dentro de nós… Só precisamos ter a coragem de expressá-las!

Numa segunda etapa, pode vir também ajuda externa, depois que já tivermos movimentado a roda do fazer. A partir de nosso exemplo, é bem provável que mais alguém, motivado pelo nosso exemplo se aproxime, encorajado a ajudar.

“Lembremo-nos de que, quando assumimos uma tarefa movidos pelo impulso da alma, temos ajudas especiais, nos momentos adequados”. (Trigueirinho)

Nota-se que quem está engajado em uma tarefa, uma causa, não tem depressão. Porque está transformando a impotência em potência, em ações positivas, está fazendo o que acredita ser correto e necessário fazer.

Para se ter mais liberdade, é útil identificarmos nossos vários eus: o eu medroso, o eu corajoso; aquele eu que mostramos aos outros; aquele que pensamos que somos; aquele que pensamos que deveríamos ser; aquele que os outros acreditam que somos… Qual deles queremos expressar? Qual deverá comandar nossa vida?

Enquanto não formos lá no interior silencioso conhecer nosso verdadeiro eu, aquele eu pacífico, inspirado, compassivo, altruísta, desapegado, intuitivo, amoroso, corremos o risco de gastar toda uma encarnação, ou várias, vivendo outro que não o único verdadeiro eu.

Por outro lado, quando nos desarmamos um pouco de nossos eus confusos, indecisos, obscuros, e deixamos emergir aquele eu sábio, nós recuperamos a coragem de fazer o bem. E com as ações resultantes dessa coragem, encontramos um sentido mais profundo para nossas vidas.

Pensemos juntos:

Se somos filhos de Deus, e se Ele, o Pai, viveu e vive para fazer o bem, que dúvidas ainda podem restar quanto à nossa tarefa?

Doar, doar, doar. Nos doar, doar trabalho, serviço, doar recursos. Doar trabalho é doar fé. É apoio. É manifestação de fé naquele projeto. Doar dinheiro é uma manifestação de confiança na correta aplicação daquilo.

Eu pergunto: nessas alturas dos acontecimentos, aqueles que têm alguma energia monetária, fazer o que com ela? Comprar mais um carro, deixar no Banco para ver ao que acontece? Encomendar um caixão de ouro? Acumular para deixar em herança? Vamos lembrar que a herança do exemplo de altruísmo, compaixão, desapego e solidariedade é ainda mais necessária. E essa não há crise financeira que leve embora.

Deveríamos dar graças a Deus se temos algum projeto confiável para onde dirigir parte desses recursos que estão sob nossa responsabilidade; recursos confiados a nós, para fazermos deles o melhor. Devemos dar graças por existirem projetos – já em andamento – de grupos que colocam em prática ações de acolher, curar, encaminhar, seres necessitados de todos os reinos para podermos repassar parte de nossos recursos, de nossa responsabilidade.

Há grupos que realizam o trabalho de resgatar e acolher animais em situação de risco e precisando de ajuda. Muitos desses irmãos animais sofreram maus-tratos severos nas mãos de seres menos esclarecidos e o mínimo que podemos fazer a esses irmãos é oferecer o oposto do que receberam: acolher, amar, curar, encontrar seres amorosos para adotá-los.

Se alguém quer ajudar os animais, quer fazer parte do serviço de redenção do carma negativo humano relativo a eles, participe disso. Doe material, doe serviço, doe recursos, e se alguém tem muito amor pelos animais para doar, adote! Doe um lugar no seu lar, chame-o para compartilhar do que você tem, oferte-se para ser seu guardião.

Se alguém já é um daqueles que sempre doam, doe um pouco mais
e se alguém nunca doou, doe hoje, não deixe a oportunidade passar.
Quando doamos ficamos mais leves, em todos os sentidos…

Pode-se também pode doar serviço participando de abaixo-assinados pela internet, cadastrando-se em listas de informativos de ONG’s para ficar informado, participando de manifestações pacíficas em prol do direito e do respeito à vida dos animais,

Alguém pode reunir pessoas em sua cidade para ajudar animais perdidos e abandonados; procurar uma ONG ou uma protetora independente local e ofertar serviço.

Com iniciativa, coragem, intuição, a ação sai melhor do que a gente pensava que era capaz.

Um dos ensinamentos de Buda diz:
“Não basta deixar de praticar o mal; é hora de praticar o bem.”
Esse ensinamento não é novidade para nós, e certamente todos concordamos com ele; mas será que o colocamos em prática?

É por meio do exemplo positivo que podemos melhorar o mundo. Ética não se ensina falando sobre ela; ética se pratica, e se irradia pelo exemplo, ao se agir com responsabilidade e consciência.

Podemos agora mesmo tomar a decisão de sermos éticos com os animais. Não só por eles, o que já seria motivo suficiente; mas também por nós mesmos, individualmente e como humanidade.

Vamos parar de construir carma tão negativo, vamos parar a matança, os abusos, o egoísmo, a indiferença, a omissão.

Vamos nos colocar no lugar desses nossos irmãos animais e nos perguntar: Isso que eles estão passando é justo? Se fosse comigo eu gostaria? Não? Se não é bom para mim, também não é bom para os irmãos animais.

Ninguém gosta de ser maltratado, abusado, abandonado, explorado, ninguém gosta de ter sua vida roubada.

Podemos nos decidir agora, neste instante, a fazer parte daqueles que pesam na balança do carma positivo. Daqueles que agem para equilibrar esse carma.
Você vai perder esta oportunidade?

Citação de Tereza D´Ávila no livro Nada te perturbe: ” Seu amor não pode ser algo que você imagine, algo que você deseje. Você deve prová-lo através de obras.”
E acrescenta: “O amor não pode ser escondido”.

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