sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

sobre leite, vacas, bezerros

O que acontece com os bezerros:
1. São encaminhados para o abate quase que imediatamente – para serem servidos como vitela. O coalho, usado na fabricação da maioria dos queijos, é retirado do estômago de bezerros recém-nascidos. (...) 2. Podem ter uma vida ainda mais infeliz se forem para uma criação de carne branca de vitela, passar a vida presos em estreitos engradados de madeira. O espaço é tão reduzido que, após as primeiras semanas, os bezerros já nem conseguem se virar. São alimentados com uma ração líquida especial, para que cresçam o máximo em um mínimo de tempo e conservem a carne excepcionalmente branca. Não recebem as fibras necessárias ao sistema digestivo dos ruminantes, de modo que, muitas vezes, acabam comendo seu próprio pêlo e roendo os engradados. (...) Não recebem forragem para deitar-se, pois sua fome de alimentos sólidos faria com que comessem o próprio leito. Recebem apenas o mínimo de ferro necessário para mantê-los vivos, pois quantidades maiores tornariam sua carne vermelha. (...) Eles saem do engradado, ao fim de 14 semanas, com úlceras estomacais e abcessos, e suas pernas estão tão fracas que mal conseguem alcançar o caminho para o abatedouro. Os novilhos soltos, no entanto, são animais ativos e brincalhões. (...) 3. As estatísticas informam que 80% da carne produzida são um subproduto da indústria leiteira. Bezerros excedentes, muitas vezes, são vendidos com uma semana de idade (ou menos) para serem criados como gado de corte. Alimentados durante 12 semanas, principalmente de cereais, são forçados a comer demais e mantidos em confinamento para evitar que o alimento seja “desperdiçado” nas funções vitais. Desta forma, ocorre até envenenamento. (...) 4. Atualmente, com a inseminação artificial, são raros os novilhos criados para se tornarem touros. O bezerro destinado a esse fim, às vezes, pode mamar na vaca por algum tempo. Dos 10 aos 12 meses de idade, o touro serve as vacas semanalmente, passando o resto do tempo em confinamento solitário. Hoje, porém, é mais provável que lancem seu sêmen em vacas de lona e tubos de borracha. O manual do Ministério da Agricultura Britânico sobre a criação de touros recomenda um pátio junto à cocheira, com paredes através das quais eles possam olhar, pois “a monotonia pode produzir violência”. Admitem, assim, que os animais possuem vida mental e emotiva! Ao envelhecer, os touros são muitas vezes castrados e colocados em confinamento para engordar antes de chegar ao abatedouro. (...) 5. As fêmeas são criadas para se tornarem vacas leiteiras. As bezerrinhas são afastadas da mãe tão logo seja possível, para que a vaca possa “juntar-se novamente ao rebanho”. É concedido um período mínimo para que se recupere da gravidez frustrada e o seu leite possa ser aproveitado para dar lucro. (...) Alimentadas com leite artificial, as bezerras desenvolvem-se mais depressa, de modo que, com 18 a 24 meses, já podem iniciar o ciclo de uma gravidez atrás da outra. Conforme o New Scientist: “A vaca leiteira moderna leva uma vida miserável. A cada ano ela produz um bezerro, o que significa que durante nove meses está grávida. E, durante nove meses por ano, é ordenhada duas vezes ao dia. Durante seis meses está grávida e, ao mesmo tempo, produzindo leite”. Os detalhes das enfermidades que pode sofrer ao se sujeitar a essa demanda são terríveis, assim como as descrições dos remédios usados (veja os jornais rurais)” (RICHTER, 1997, p. 44-45).

“Não há nenhuma diferença significativa entre comer carnes e comer laticínios ou outros produtos animais. Os animais explorados na indústria de laticínios vivem mais tempo do que os que são usados por sua carne, mas são mais maltratados durante suas vidas e acabam indo parar no mesmo matadouro, depois do quê consumimos sua carne do mesmo jeito. Há provavelmente mais sofrimento num copo de leite, ou num sorvete, do que num bife. E qualquer um que pensar que um ovo — mesmo o que vem das chamadas “galinhas soltas” — não é produto de um sofrimento tão horrível quanto a carne não conhece muito bem a indústria de ovos” (FRANCIONE, 2006).

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