Hoje eles são tigres, leões e chimpanzés. Também são elefantes, ursos epequenos animais. Na verdade, os circos não poupam quase nenhuma espécie. Cangurus, hipopótamos, girafas. Avestruzes, porcos, serpentes. O que puderser capturado e exibido. E, principalmente, os que não sejam protegidos. A África, continente por décadas sem leis ou limites, foi insistentemente saqueada para abastecer os circos do mundo todo com suas espécies exuberantes e incomuns. O mesmo se pode falar de regiões asiáticas.
Assim os circos tradicionais sobrevivem. Da ausência de leis e da miséria. Sem isso, não há circo. Os elefantes, por exemplo, sempre foram comprados por bagatela em regiões africanas onde o tráfico que abastece circos consegue mão de obra barata para captura dos animais e qualquer resistência é facilmente corrompida. Regiões pobres da Índia e Tailândia têm fornecido elefantes asiáticos nos últimos anos, além de tigres. Enquanto na América se exibem estes, o tráfico leva animais do Amazonas para longe. Antas,micos-leões, macacos-aranha, araras, onças e outras tantas espécies exclusivas da fauna sul-americana são vistas em países da Europa que ainda insistem neste tipo de negócio. Sem leis para defendê-los são hoje as vítimas do lucro fácil dos circos, que nunca viveram de outra forma.
Porque há algumas décadas os escravos tinham uma outra face. Até que a abolição da escravatura fosse assinada e as leis de direitos humanos começassem a tomar força pelos países influentes, os picadeiros e cartazesdos circos anunciavam outra atração: a exibição humana. Pobres, doentes, escravos, órfãos, estrangeiros, ingênuos ou gente infeliz que, por qual razão seja, se submetia aos comandos de seus "patrões". Estes, cuja vida, como menciona a obra 'Freaks Monstrous', "era freqüentemente uma miséria", ou ainda, "mais semelhante à escravidão que a emprego.". A preferência dos circos era por negros escravos, crianças ou adolescentes, pessoas com retardamento mental ou mesmo aqueles que não tivessem outra opção na sociedade devido a alguma deformidade ou doença. Os circos compravam crianças de pais pobres ou mães solteiras ou as ganhava, com a promessa deque lhes daria uma vida digna. Tudo ilusão, como os próprios espetáculos. Somente uma minoria conseguia ter dinheiro suficiente para se aposentar quando velho e deixar a vida sob a lona.
Haviam até mesmo os “caçadores de talento”, que viviam de encontrar aquelesque seriam os “números” dos picadeiros. Não eram artistas, nem apresentavam qualquer forma de arte. Eram anunciados como “as aberrações da natureza”. Os cartazes e os megafones dos circos conclamavam a população a assistir aapresentação das criaturas mais bizarras da Terra: uma mulher gorda, anões, gigantes, uma mulher barbada e pessoas com as mais inimagináveis anomalias. Crianças com duas cabeças, mulheres sem os braços ou as pernas, homens que eram fusão com alguma espécie animal, gêmeos “siameses” e tudo o que a mente dos donos de circos pudesse alcançar. O próprio têrmo “siameses” passou a ser usado popularmente para gêmeos xifópagos a partir dos primeiros irmãos a surgir nos picadeiros, Chang e Eng, comprados de pais pobres do Sião (atual Tailândia) e exibidos como monstros no Barnum Circus, a partir de 1829, até sua morte.
Um circo inglês apresentava Sara Baartma, uma negra trazida da África, do povo hotentote. Os cartazes do circo valorizavam o volume incomum de suas nádegas, chamando-a de “A Vênus Negra”. Era exposta seminua por 12 horas diárias no circo, além do que sofria abusos sexuais. Millie-Christine, “A Rouxinol de Duas Cabeças” era, na verdade, duas irmãs xifópagas, unidas na altura do osso sacro. Nascidas escravas, foram vendidas para um empresário de eventos. Ensinadas a cantar, foram exibidas em diversos lugares e vendidas outras vezes. Eram submetidas a uma rotina cansativa de trabalho,além de sofrerem constantes abusos sexuais. Um dos mais conhecidos, sem dúvida, foi Joseph Merrick, ou “O Homem-Elefante”. Nascido com uma deformidade que tomou conta de 90% de seu corpo e perdendo a mãe logo cedo, acabou por submeter-se ao dono de um circo, onde era exibido numa jaula. Durante uma certa apresentação em Paris, em que, devido à doença, não conseguia se pôr de pé, foi espancado pelo dono do circo com tanta violência, que revoltou a platéia.
Os donos de circo, sempre oportunistas, souberam viver das ocasiões que lhes favorecia. Da escravidão ou da pobreza. Da falta de leis ou mesmo da ignorância da população comum. Ricos empresários de circo como o famoso Phineas T. Barnum que “importava” as “aberrações” de qualquer parte do globo para expor em seu picadeiro, logo eram imitados pelos circos menores. Lembremos que Barnum, é o grande inspirador dos empresários de circos tradicionais que existem por todo o mundo até hoje. A astúcia de Barnum pelo lucro, aliás, é inquestionável. A historiadora Marian Murray, em seu livro 'Circus!', menciona que Barnum foi conhecido por muitos como um "malandro, eterno mentiroso e um trapaceiro sem escrúpulos que perpetuou uma série de fraudes engenhosas a um público que ele via como bobos.".
E não é para menos. Apenas três meses após o lançamento da obra “A Teoriadas Espécies”, por Charles Darwin, Barnum apresentou em seus espetáculos “O Elo”, um ser que ele anunciava ser “o elo perdido de Darwin”, “a criatura intermediária entre o Homem e o macaco”. Não era nada mais que um dos “artistas” de Barnum, dentro de uma jaula e emitindo sons tentando imitar um animal.
Os “Homens Selvagens de Bornéo” não eram, na verdade, selvagens nem deBornéo. Eram um par de anões gêmeos que sofriam de retardamento mental, que Barnum vestia e apresentava como pigmeus selvagens que falavam em sua “língua nativa”. O “Homem-Cachorro” era, na verdade, um homem que, apesar de falar, pensar e realizar qualquer coisa de modo normal, apenas por sofrer de uma anomalia que provocava excesso de pêlos pelo corpo, era mostrado em uma jaula, rosnando e imitando uma fera. O circo anunciava que ele havia sido capturado em uma caverna, por caçadores na Rússia.
Mas esses são, apenas alguns breves casos que faziam parte dos espetáculos que visitavam cidades e cidades, impressionando gente humilde e enriquecendo os “empresários” de coleções bizarras que assombravam a Terra. O “Homem deTrês Pernas”, o “Homem de Três Olhos”, O “Monstro Sem Pernas”, a “Mulher Cara de Mula”, o “Esqueleto-Vivo” e outros “monstros” estariam ainda nos cartazes de circos pregados pelos postes das nossas cidades, não fossem as leis que começaram, pouco a pouco, proibir a exploração desses infelizes e impedir os donos das casas de “maravilhas” de os exibirem. Primeiro, com aconquista dos grupos abolicionistas, que fez com que negros escravos não fossem mais objetos sem direito. Depois, os advogados e gente empenhada por direitos humanos a pessoas com síndrome de Down ou, por fim, qualquer outra condição que tornasse um indivíduo indefeso.
A princípio, os donos de circo se deslocavam de cidades e países, procurando aqueles locais que ainda facilitassem os espetáculos livres. Mas, à medida que as leis foram se tornando cada vez mais rigorosas e que cada vez mais cidades abraçavam a mesma mentalidade de direitos a pessoas e protegiam esses indefesos, não restava outra coisa aos “empresários” de espetáculos senão, ou abandonarem a rotina destes eventos, ou, outros, passassem a procurar outros “artistas”. Mas desta vez, os que não tivessem a seu favor sindicatos, representantes ou legislação que os protegesse. Assim, as“aberrações” começaram a ser descartadas e “aposentadas” e as feras -os novos escravos!- foram tomando seus lugares.
Hoje são os tigres e elefantes que desfilam pelas ruas fazendo a propaganda do circo que lucra às suas custas. Hoje são os leões e chimpanzés que apanham para realizar “truques” para impressionar o público ingênuo, que, como antes acreditava, continua acreditando que tudo aquilo é só “de mentirinha”, que por trás da lona todos são felizes e que depois do espetáculo a fantasia permanece.
domingo, 17 de maio de 2009
sábado, 16 de maio de 2009
PENAS CHINESAS
Meter uma lagosta viva em água a ferver e cozinhá-la ali é uma velha prática culinária no mundo ocidental. Parece que se a lagosta já for morta para o banho, o sabor final será diferente, para pior. Há também quem diga que a rubicunda cor vermelha com que o crustáceo sai da panela se deve justamente à altíssima temperatura da água. Não sei, falo por ouvir dizer, sou incapaz de estrelar convenientemente um ovo. Um dia vi num documentário como alimentam os frangos, como os matam e destroçam, e pouco me faltou para vomitar.
E outro dia, que não se me apagou da memória, li numa revista um artigo sobre a utilidade dos coelhos nas fábricas de cosméticos, ficando a saber que as provas sobre qualquer possível irritação causada pelos ingredientes dos champús se fazem por aplicação directa nos olhos desses animais, segundo o estilo do negregado Dr. Morte, que injectava petróleo no coração das suas vítimas.
Agora, uma curta notícia aparecida nos jornais informa-me de que, na China, as penas de aves destinadas a recheio de almofadas de dormir são arrancadas assim mesmo, ao vivo, depois limpas, desinfectadas e exportadas para delícia das sociedades civilizadas que sabem o que é bom e está na moda. Não comento, não vale a pena, estas penas bastam.
Texto de José Saramago
E outro dia, que não se me apagou da memória, li numa revista um artigo sobre a utilidade dos coelhos nas fábricas de cosméticos, ficando a saber que as provas sobre qualquer possível irritação causada pelos ingredientes dos champús se fazem por aplicação directa nos olhos desses animais, segundo o estilo do negregado Dr. Morte, que injectava petróleo no coração das suas vítimas.
Agora, uma curta notícia aparecida nos jornais informa-me de que, na China, as penas de aves destinadas a recheio de almofadas de dormir são arrancadas assim mesmo, ao vivo, depois limpas, desinfectadas e exportadas para delícia das sociedades civilizadas que sabem o que é bom e está na moda. Não comento, não vale a pena, estas penas bastam.
Texto de José Saramago
Por que nunca ouvimos falar de gripe do Ornitorrinco?
(Por Laércio Vinícius de Almeida )
É simples, porque os seres humanos que se julgam a espécie especialíssima não criam Ornitorrincos aos bilhares para se alimentarem desnecessariamente.
A gripe aviária, doença da vaca louca e agora a gripe suína só fazem confirmar o que os defensores dos direitos animais vêm dizendo há décadas: “Deixem os animais não-humanos em paz, eles são seres que possuem uma vida, vontades próprias, ambientes próprios, sentimentos próprios…” Mas a maioria das pessoas ainda insiste em fazer de conta que nada está acontecendo, ignorando assim, consequências como degradação ambiental e problemas de saúde que são as que mais damos atenção.
E por que isso acontece? Porque ainda estamos a pensar como a velha tradição que diz que o ser humano é senhor do mundo e portanto pode fazer o que quiser com ele, mas a realidade mais uma vez nos convida a ver que somos apenas mais uma espécie animal dentre todos as outras.
O que prova isso? A nossa submissão perante as leis da natureza assim como todas as outras espécies de animais. Somos diferentes sim, mas é só uma questão quantitativa e não qualitativa, não somos melhores do que qualquer outro animal, toda a vida é digna por si só, assim como dor e sofrimento são ruins em si próprios.
Mais uma vez famílias são arrasadas por nosso péssimo e ultrapassado hábito de alimentação, pessoas estão morrendo por causa da gripe suína e outras tantas morrem todos os dias de doenças que advém da dieta baseada no consumo de produtos de origem animal: rica em gordura saturada, colesterol e antibióticos usados na criação acelerada para o abate e maximização dos lucros, e baixa quantidade de fibras e vitaminas que previnem e nutrem o nosso corpo contra doenças fazendo com que o organismo humano funcione de uma forma mais leve e harmônica com a natureza.
Provavelmente conseguiremos mais uma vez controlar esse surto, mas isso só passa de um leve engano. A natureza encontrará meios para que a vida não seja violada, a simples contaminação por um vírus de uma espécie para a outra implica em várias violações naturais. Nem suínos, nem aves, nem bovinos e outras animais que são chamados de exóticos evoluíram para viverem confinados e assassinados para que seus pedaços e entranhas fossem servidos em um prato e chamados de alimento.
Estamos pagando por nossas escolhas, escolhas estas que estão sendo feitas sem o mínimo de questionamento, ou criamos critérios para nossas atitudes perante a natureza ou vamos morrer por nossas próprias mãos.
Quem sabe o mínimo sobre a estrutura e o poder de destruição dos vírus sabe que a diferença de
tempo entre a nossa espécie estar “reinando” e estar em extinção… é de pouco tempo!
É simples, porque os seres humanos que se julgam a espécie especialíssima não criam Ornitorrincos aos bilhares para se alimentarem desnecessariamente.
A gripe aviária, doença da vaca louca e agora a gripe suína só fazem confirmar o que os defensores dos direitos animais vêm dizendo há décadas: “Deixem os animais não-humanos em paz, eles são seres que possuem uma vida, vontades próprias, ambientes próprios, sentimentos próprios…” Mas a maioria das pessoas ainda insiste em fazer de conta que nada está acontecendo, ignorando assim, consequências como degradação ambiental e problemas de saúde que são as que mais damos atenção.
E por que isso acontece? Porque ainda estamos a pensar como a velha tradição que diz que o ser humano é senhor do mundo e portanto pode fazer o que quiser com ele, mas a realidade mais uma vez nos convida a ver que somos apenas mais uma espécie animal dentre todos as outras.
O que prova isso? A nossa submissão perante as leis da natureza assim como todas as outras espécies de animais. Somos diferentes sim, mas é só uma questão quantitativa e não qualitativa, não somos melhores do que qualquer outro animal, toda a vida é digna por si só, assim como dor e sofrimento são ruins em si próprios.
Mais uma vez famílias são arrasadas por nosso péssimo e ultrapassado hábito de alimentação, pessoas estão morrendo por causa da gripe suína e outras tantas morrem todos os dias de doenças que advém da dieta baseada no consumo de produtos de origem animal: rica em gordura saturada, colesterol e antibióticos usados na criação acelerada para o abate e maximização dos lucros, e baixa quantidade de fibras e vitaminas que previnem e nutrem o nosso corpo contra doenças fazendo com que o organismo humano funcione de uma forma mais leve e harmônica com a natureza.
Provavelmente conseguiremos mais uma vez controlar esse surto, mas isso só passa de um leve engano. A natureza encontrará meios para que a vida não seja violada, a simples contaminação por um vírus de uma espécie para a outra implica em várias violações naturais. Nem suínos, nem aves, nem bovinos e outras animais que são chamados de exóticos evoluíram para viverem confinados e assassinados para que seus pedaços e entranhas fossem servidos em um prato e chamados de alimento.
Estamos pagando por nossas escolhas, escolhas estas que estão sendo feitas sem o mínimo de questionamento, ou criamos critérios para nossas atitudes perante a natureza ou vamos morrer por nossas próprias mãos.
Quem sabe o mínimo sobre a estrutura e o poder de destruição dos vírus sabe que a diferença de
tempo entre a nossa espécie estar “reinando” e estar em extinção… é de pouco tempo!
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Cidade belga terá dia da semana 'vegetariano'
Chris Mason
Da BBC News em Ghent
A prefeitura da cidade belga de Ghent lançou uma campanha para tentar convencer seus cidadãos a abrirem mão do consumo de carne pelo menos um dia por semana.
A ideia da iniciativa, lançada nesta semana, é de criar o "dia vegetariano", com os servidores públicos e vereadores dando o exemplo inicial a ser seguido, aos poucos, pelo resto da população local.
A intenção da prefeitura é chamar a atenção para o impacto da criação de rebanhos sobre o meio ambiente.
Segundo a ONU, os rebanhos de animais como gado, ovelhas e porcos é responsável por um quinto das emissões globais dos gases que provocam o efeito estufa, daí a decisão do governo local de criar o "dia vegetariano".
Os servidores e políticos serão os primeiros a abdicar de carne um dia por semana, mas a partir e setembro, os estudantes das escolas públicas também vão aderir ao dia vegetariano.
Com a medida, a prefeitura espera diminuir as emissões dos gases causadores de efeito estufa na cidade, além de ajudar no combate à obesidade.
A prefeitura agora vai imprimir cerca de 90 mil "mapas vegetarianos" de Ghent, localizando os restaurantes de comida vegetariana.
Da BBC News em Ghent
A prefeitura da cidade belga de Ghent lançou uma campanha para tentar convencer seus cidadãos a abrirem mão do consumo de carne pelo menos um dia por semana.
A ideia da iniciativa, lançada nesta semana, é de criar o "dia vegetariano", com os servidores públicos e vereadores dando o exemplo inicial a ser seguido, aos poucos, pelo resto da população local.
A intenção da prefeitura é chamar a atenção para o impacto da criação de rebanhos sobre o meio ambiente.
Segundo a ONU, os rebanhos de animais como gado, ovelhas e porcos é responsável por um quinto das emissões globais dos gases que provocam o efeito estufa, daí a decisão do governo local de criar o "dia vegetariano".
Os servidores e políticos serão os primeiros a abdicar de carne um dia por semana, mas a partir e setembro, os estudantes das escolas públicas também vão aderir ao dia vegetariano.
Com a medida, a prefeitura espera diminuir as emissões dos gases causadores de efeito estufa na cidade, além de ajudar no combate à obesidade.
A prefeitura agora vai imprimir cerca de 90 mil "mapas vegetarianos" de Ghent, localizando os restaurantes de comida vegetariana.
quinta-feira, 7 de maio de 2009
*PROTETORES DE ANIMAIS QUE COMEM CARNE*
(Ivana Maria França de Negri)
Nunca vi tamanha hipocrisia, como essa de protetores de animais que comem a carne dos mesmos animais que protegem...
É uma incoerência sem tamanho, e as pessoas certamente não param para pensar no que fazem. Tratam os animais de estimação como filhos, conversam com eles, colocam roupinhas, compram ração das mais caras. Mas fecham os olhos para toda a barbárie a que são submetidos os animais criados para consumo, desde que nascem até o momento em que sobem a rampa do matadouro.
Alguns dão a desculpa de que os seres humanos não podem sobreviver sem a carne. Mas cada vez mais, pessoas se tornam vegetarianas e conheço muitas que o são desde o nascimento e estão muito saudáveis, prova viva de que carne não faz falta. Outras dizem que é cultural, mas é muito cômodo dizerisso e continuar com a farsa de que são protetores de animais, mas são“obrigados” pelo sistema a consumir carne.
Prestei serviço voluntário numa entidade de proteção aos animais por 11anos. Via muita gente desesperada e revoltada com as eutanásias que os CCZs praticavam em animais de rua que ninguém queria. Mas jamais mencionavamas milhares de mortes de outros animais nos abatedouros, sem anestesia.
Animais que foram criados pelos métodos mais cruéis – geralmente o que for de menor custo ao produtor - longe das mães, sem carinho algum dos humanos que jamais zelam pelo bem-estar dos animais, levando uma vida de sofrimentosem fim até que a morte os liberte do martírio. Qual a diferença? É diferente a dor de um cão da de um carneiro? A dor de um gato da dor de um porco? Por que um boi pode ser morto amarretadas, sem pré-anestesia, e ninguém tem piedade dele? O que fazem os protetores carnívoros nesta hora?
E o que dizer dos veterinários que, literalmente, devoram seus pacientes?
Falta muito ainda para a humanidade evoluir. Cansei da hipocrisia daspessoas que se dizem protetoras de animais e se alimentam dos cadáveres deles. Se tivessem que fazer o serviço sujo com as próprias mãos, a história seria diferente.
Muitos protetores acabam naturalmente se tornando vegetarianos, pois não existe lógica em proteger alguns e devorar outros. É uma questão de ética ecoerência.
Em alguns lugares da China o povo consome a carne de cães. Isso horroriza aspessoas do ocidente. E na Índia, sendo os bois sagrados, seus habitantes devem horrorizar-se com o hábito de outros países de consumir a carne bovina.
O fato de a igreja considerar pecado comer carne vermelha na sexta-feirasanta é outra coisa que não consigo compreender..
É pecado comer carnevermelha, mas carne de peixe pode. Peixe não é carne? Bacalhau não é carne? Para mim é pecado comer carne todos os dias!
Um dia todos vão acordar e entender que nossos corpos não são cemitério para enterrar neles os cadáveres dos animais para apodrecer. A lei da causa e efeito é implacável, e surgem cada vez mais casos de cânceres pelo consumo exagerado de carne.
Os animais não são meros objetos para nos utilizarmos deles a nosso bel prazer, e sim seres em evolução, que compartilham com os humanos a vida neste planeta..
As leis também são injustas. A mesma lei que penaliza quem maltrata um cão ou um gato, não serve para os animais de consumo, que podem ser maltratadosà vontade, desde que o objetivo final seja a alimentação humana. Um absurdo!
*"Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos." **
(Paul e Linda Mc Cartney)
Nunca vi tamanha hipocrisia, como essa de protetores de animais que comem a carne dos mesmos animais que protegem...
É uma incoerência sem tamanho, e as pessoas certamente não param para pensar no que fazem. Tratam os animais de estimação como filhos, conversam com eles, colocam roupinhas, compram ração das mais caras. Mas fecham os olhos para toda a barbárie a que são submetidos os animais criados para consumo, desde que nascem até o momento em que sobem a rampa do matadouro.
Alguns dão a desculpa de que os seres humanos não podem sobreviver sem a carne. Mas cada vez mais, pessoas se tornam vegetarianas e conheço muitas que o são desde o nascimento e estão muito saudáveis, prova viva de que carne não faz falta. Outras dizem que é cultural, mas é muito cômodo dizerisso e continuar com a farsa de que são protetores de animais, mas são“obrigados” pelo sistema a consumir carne.
Prestei serviço voluntário numa entidade de proteção aos animais por 11anos. Via muita gente desesperada e revoltada com as eutanásias que os CCZs praticavam em animais de rua que ninguém queria. Mas jamais mencionavamas milhares de mortes de outros animais nos abatedouros, sem anestesia.
Animais que foram criados pelos métodos mais cruéis – geralmente o que for de menor custo ao produtor - longe das mães, sem carinho algum dos humanos que jamais zelam pelo bem-estar dos animais, levando uma vida de sofrimentosem fim até que a morte os liberte do martírio. Qual a diferença? É diferente a dor de um cão da de um carneiro? A dor de um gato da dor de um porco? Por que um boi pode ser morto amarretadas, sem pré-anestesia, e ninguém tem piedade dele? O que fazem os protetores carnívoros nesta hora?
E o que dizer dos veterinários que, literalmente, devoram seus pacientes?
Falta muito ainda para a humanidade evoluir. Cansei da hipocrisia daspessoas que se dizem protetoras de animais e se alimentam dos cadáveres deles. Se tivessem que fazer o serviço sujo com as próprias mãos, a história seria diferente.
Muitos protetores acabam naturalmente se tornando vegetarianos, pois não existe lógica em proteger alguns e devorar outros. É uma questão de ética ecoerência.
Em alguns lugares da China o povo consome a carne de cães. Isso horroriza aspessoas do ocidente. E na Índia, sendo os bois sagrados, seus habitantes devem horrorizar-se com o hábito de outros países de consumir a carne bovina.
O fato de a igreja considerar pecado comer carne vermelha na sexta-feirasanta é outra coisa que não consigo compreender..
É pecado comer carnevermelha, mas carne de peixe pode. Peixe não é carne? Bacalhau não é carne? Para mim é pecado comer carne todos os dias!
Um dia todos vão acordar e entender que nossos corpos não são cemitério para enterrar neles os cadáveres dos animais para apodrecer. A lei da causa e efeito é implacável, e surgem cada vez mais casos de cânceres pelo consumo exagerado de carne.
Os animais não são meros objetos para nos utilizarmos deles a nosso bel prazer, e sim seres em evolução, que compartilham com os humanos a vida neste planeta..
As leis também são injustas. A mesma lei que penaliza quem maltrata um cão ou um gato, não serve para os animais de consumo, que podem ser maltratadosà vontade, desde que o objetivo final seja a alimentação humana. Um absurdo!
*"Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos." **
(Paul e Linda Mc Cartney)
terça-feira, 14 de abril de 2009
Vegetarianismo: por que eu devo engolir essa?
Começo com as palavras do filósofo gaúcho Carlos Naconecy:
Há diversos modos pelos quais você pode se relacionar com os animais. Essa relação pode ser intermediada por um sofá, sobre o qual você e seu gato de estimação passam juntos os domingos à tarde. O que liga fisicamente você a um cão de companhia pode ser a coleira usada para puxar o animal pela calçada aos finais de semana. Ou mesmo as grades de uma jaula através das quais tentamos jogar comida a um urso no zoológico. Há várias outras possibilidades, mas em torno de 99% dos casos, a relação dos seres humanos com os animais no nosso planeta se dá por outra via: por meio de um garfo e de uma faca.
É a mais pura verdade. A esmagadora maioria dos animais que passam por nossas vidas surgem já mortos, nos supermercados ou diretamente em nossos pratos, e com eles temos uma relação muito breve, que se encerra quando cortamos seus corpos com garfos e facas, levamos a nossas bocas, trituramos com os dentes e, por fim, engolimos. As pessoas adoram comer carne. As pessoas comem muita carne, e cada vez mais. Um dos primeiros indícios de aumento na renda de uma população é o aumento do consumo de carne. Basta ganhar uns trocados a mais que a pessoa corre para o açougue mais próximo. Por que isso? Porque comer carne, no senso comum, é sinônimo de comer bem, é sinônimo de elegância, é um luxo. Mas será mesmo?
Comer bem é ingerir alimentos que sejam capazes de nutrir nossos corpos e manter ou melhorar nossa saúde. Pesquisas têm demonstrado que dietas vegetarianas podem proporcionar melhores condições para uma vida mais longa e saudável. Estatisticamente, é entre os consumidores de carne, ovos e laticínios que há maior incidência de males cardiovasculares, artrite, diabetes e osteoporose. A carne vermelha, em especial, é a segunda maior causa de câncer, perdendo apenas para o fumo. Em 1997, a ADA (Associação Dietética Americana) revisou os trabalhos científicos sobre o vegetarianismo e se posicionou: “O posicionamento da ADA é de que, quando planejada adequadamente, a dieta vegetariana é saudável, nutricionalmente adequada e resulta em benefícios à saúde e na prevenção e tratamento de certas doenças.” Essa adequação é descrita para todos os estágios da vida (infância, idade adulta, senilidade, gestação e amamentação). Será que estamos de fato comendo bem quando, em volta da churrasqueira, nos fartamos com costelas, picanhas, lombinhos e galetos?
Seja como for, a última palavra que poderia ser usada para definir o consumo de carne é “elegante”. A produção e o comércio de carne são inesgotáveis fontes de grosseria e brutalidade. A comparação dos horríveis espetáculos, sons e odores de um matadouro com a beleza e o perfume de uma horta ou pomar não deixa dúvidas quanto a isso. Todos animais que consumimos (bois, frangos, porcos) são tão sensíveis à dor e passíveis de sofrimento quanto nós ou quanto nossos animais de estimação. No entanto, na indústria do matadouro, são criados em privação de liberdade e mortos de forma cruel. Matar um animal para depois sangrá-lo, arrancar-lhe a pele e as vísceras e então engoli-lo pode ser muitas coisas, mas, por certo, não é nada elegante.
Além disso, o ato de comer carne está diretamente ligado com a poluição e a devastação do meio ambiente. Segundo um relatório recente da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), os animais criados para alimentação emitem mais gases perigosos ao meio ambiente do que o transporte, além de degradar o solo e a água. A expansão das pastagens é também um dos principais responsáveis pelo desmatamento de florestas, pois ocupa 70% das áreas desmatadas da Amazônia e, em boa parte do restante, é cultivada soja para produção de ração animal. Outros danos causados pela pecuária citados pela FAO são a erosão e compactação do solo e a perda de biodiversidade nativa. É ainda um dos principais poluentes das águas, criando zonas mortas em áreas costeiras, degradação dos recifes de coral, problemas de saúde humana, etc. Trocando em miúdos: a criação de animais para consumo humano não tem nada de luxo – gera muito lixo, isso sim!
Em um mundo que necessita, mais do que nunca, de saúde, de cuidados com a natureza e de paz, é importante que todos nós façamos nossa parte, mudando certos hábitos. Aprender a se relacionar com os animais de outras formas, e não através do garfo e da faca, é um ótimo começo.
por Rafael Bán Jacobsen
Há diversos modos pelos quais você pode se relacionar com os animais. Essa relação pode ser intermediada por um sofá, sobre o qual você e seu gato de estimação passam juntos os domingos à tarde. O que liga fisicamente você a um cão de companhia pode ser a coleira usada para puxar o animal pela calçada aos finais de semana. Ou mesmo as grades de uma jaula através das quais tentamos jogar comida a um urso no zoológico. Há várias outras possibilidades, mas em torno de 99% dos casos, a relação dos seres humanos com os animais no nosso planeta se dá por outra via: por meio de um garfo e de uma faca.
É a mais pura verdade. A esmagadora maioria dos animais que passam por nossas vidas surgem já mortos, nos supermercados ou diretamente em nossos pratos, e com eles temos uma relação muito breve, que se encerra quando cortamos seus corpos com garfos e facas, levamos a nossas bocas, trituramos com os dentes e, por fim, engolimos. As pessoas adoram comer carne. As pessoas comem muita carne, e cada vez mais. Um dos primeiros indícios de aumento na renda de uma população é o aumento do consumo de carne. Basta ganhar uns trocados a mais que a pessoa corre para o açougue mais próximo. Por que isso? Porque comer carne, no senso comum, é sinônimo de comer bem, é sinônimo de elegância, é um luxo. Mas será mesmo?
Comer bem é ingerir alimentos que sejam capazes de nutrir nossos corpos e manter ou melhorar nossa saúde. Pesquisas têm demonstrado que dietas vegetarianas podem proporcionar melhores condições para uma vida mais longa e saudável. Estatisticamente, é entre os consumidores de carne, ovos e laticínios que há maior incidência de males cardiovasculares, artrite, diabetes e osteoporose. A carne vermelha, em especial, é a segunda maior causa de câncer, perdendo apenas para o fumo. Em 1997, a ADA (Associação Dietética Americana) revisou os trabalhos científicos sobre o vegetarianismo e se posicionou: “O posicionamento da ADA é de que, quando planejada adequadamente, a dieta vegetariana é saudável, nutricionalmente adequada e resulta em benefícios à saúde e na prevenção e tratamento de certas doenças.” Essa adequação é descrita para todos os estágios da vida (infância, idade adulta, senilidade, gestação e amamentação). Será que estamos de fato comendo bem quando, em volta da churrasqueira, nos fartamos com costelas, picanhas, lombinhos e galetos?
Seja como for, a última palavra que poderia ser usada para definir o consumo de carne é “elegante”. A produção e o comércio de carne são inesgotáveis fontes de grosseria e brutalidade. A comparação dos horríveis espetáculos, sons e odores de um matadouro com a beleza e o perfume de uma horta ou pomar não deixa dúvidas quanto a isso. Todos animais que consumimos (bois, frangos, porcos) são tão sensíveis à dor e passíveis de sofrimento quanto nós ou quanto nossos animais de estimação. No entanto, na indústria do matadouro, são criados em privação de liberdade e mortos de forma cruel. Matar um animal para depois sangrá-lo, arrancar-lhe a pele e as vísceras e então engoli-lo pode ser muitas coisas, mas, por certo, não é nada elegante.
Além disso, o ato de comer carne está diretamente ligado com a poluição e a devastação do meio ambiente. Segundo um relatório recente da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), os animais criados para alimentação emitem mais gases perigosos ao meio ambiente do que o transporte, além de degradar o solo e a água. A expansão das pastagens é também um dos principais responsáveis pelo desmatamento de florestas, pois ocupa 70% das áreas desmatadas da Amazônia e, em boa parte do restante, é cultivada soja para produção de ração animal. Outros danos causados pela pecuária citados pela FAO são a erosão e compactação do solo e a perda de biodiversidade nativa. É ainda um dos principais poluentes das águas, criando zonas mortas em áreas costeiras, degradação dos recifes de coral, problemas de saúde humana, etc. Trocando em miúdos: a criação de animais para consumo humano não tem nada de luxo – gera muito lixo, isso sim!
Em um mundo que necessita, mais do que nunca, de saúde, de cuidados com a natureza e de paz, é importante que todos nós façamos nossa parte, mudando certos hábitos. Aprender a se relacionar com os animais de outras formas, e não através do garfo e da faca, é um ótimo começo.
por Rafael Bán Jacobsen
terça-feira, 31 de março de 2009
Vaca percorre quase 100 km para escapar do abate

Uma vaca percorreu quase 100 quilômetros em nove meses para escapar do abate. O animal fugiu de seu proprietário quando estava sendo descarregado em um mercado em Thirsk (Reino Unido), segundo o jornal inglês "Daily Mail".
Apelidada de a "Besta de Ealand", o animal está agora livre de parar no açougue após ser comprado por Sue McAuley e Tracey Jaine, que pagaram 500 libras (cerca de R$ 1.625) pela vaca e a transportaram para um santuário de animais em Frettenham, no Reino Unido.
Wendy Valentine, fundadora do santuário Hillside, que cuida principalmente de animais que fugiram de fazendas, disse que, quando recebeu a primeira chamada, pensou que a entidade tinha que ajudar. "Ela vai ficar com a gente pelo resto de seus dias", afirmou Wendy.
"Vê-la descer em Hillside foi fantástico", disse Sue McAuley, de 42 anos, que trabalha como assistente administração em uma faculdade em Ealand. Segundo ela, a vaca merece estar viva depois de conseguir se cuidar sozinha por quase um ano.
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Vítimas do homem

Sopa de barbatana de tubarão altera um ecossistema
Não há animal mais humilhado no planeta do que o tubarão. Referências da cultura pop e recorrentes reportagens alarmistas sobre ataques a banhistas alçaram os tubarões ao topo da lista dos seres mais temidos do mundo. Existe, entretanto, um predador muito mais mortífero do que o tubarão: o homem.
Não há animal mais humilhado no planeta do que o tubarão. Referências da cultura pop e recorrentes reportagens alarmistas sobre ataques a banhistas alçaram os tubarões ao topo da lista dos seres mais temidos do mundo. Existe, entretanto, um predador muito mais mortífero do que o tubarão: o homem.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Ato na Avenida Paulista lembra o Dia Internacional dos Direitos Animais
Fonte: http://www.anda.jor.br/
Cerca de 200 manifestantes se reuniram hoje (07/12) na Avenida Paulista, uma das mais movimentadas de São Paulo, para lembrar o Dia Internacional dos Direitos Animais, comemorado oficialmente na próxima quarta-feira, dia 10. A ação, promovida pelos grupos VEDDAS e Holocausto Animal, com a colaboração da ONG Rancho dos Gnomos, pedia o fim da exploração de animais em circos. Ativistas e simpatizantes da causa participaram do ato com faixas, cartazes e distribuição de panfletos informativos que questionavam qual a lição que uma criança podia tirar ao ver um elefante subir em um banquinho ou um urso andando de bicicleta.
Uma carreta de transporte de animais de circo foi usada para expor o sofrimento por que passam os bichos. Dez ativistas com os rostos pintados representando leões, tigres, ursos, chimpanzés ficaram dentro da jaula, chamando a atenção de quem passava pelo local. “Este tipo de performance é importante para que as pessoas visualizem e compreendam a real situação em que vive um animal explorado em circo”, disse Deolinda Eleutério, 52, Coordenadora de Voluntários da ONG Veddas e vegetariana há 8 anos.
Nos bastidores do circo, sem o olhar da platéia, os animais que não escolheram estar lá são treinados à base de dor, castigos e privações. Tudo isso para que realizem números totalmente estranhos ao comportamento de suas espécies”, explica George Guimarães, presidente do VEDDAS (Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais e Sociedade).
Para o presidente do grupo Holocausto Animal, Fábio Paiva, a luta dos ativistas para acabar com a exploração de animais em circo está perto da vitória. O assunto está sendo debatido na Câmara dos Deputados por meio do Projeto de Lei 7291/06. “Ao votarem pela aprovação dessa lei, os parlamentares estarão representando o anseio da sociedade moderna, que não aceita que os animais sejam tratados como meros objetos. As pessoas querem ver arte e não humilhação e exploração”, afirmou Paiva.
Participando pela primeira vez de uma manifestação, Fernanda Franco, 28, escritora, disse que "estou aqui porque acredito que os animais de um modo geral precisam da nossa presença e força, precisam saber que nos importamos com eles. Nosso papel como seres humanos deveria ser o de zelar por eles, pelos direitos que lhes são inerentes, como o direito à vida e à liberdade. Definitivamente, lugar de animais não é nos circos, nem em qualquer outra condição de exploração."
Cerca de 200 manifestantes se reuniram hoje (07/12) na Avenida Paulista, uma das mais movimentadas de São Paulo, para lembrar o Dia Internacional dos Direitos Animais, comemorado oficialmente na próxima quarta-feira, dia 10. A ação, promovida pelos grupos VEDDAS e Holocausto Animal, com a colaboração da ONG Rancho dos Gnomos, pedia o fim da exploração de animais em circos. Ativistas e simpatizantes da causa participaram do ato com faixas, cartazes e distribuição de panfletos informativos que questionavam qual a lição que uma criança podia tirar ao ver um elefante subir em um banquinho ou um urso andando de bicicleta.
Uma carreta de transporte de animais de circo foi usada para expor o sofrimento por que passam os bichos. Dez ativistas com os rostos pintados representando leões, tigres, ursos, chimpanzés ficaram dentro da jaula, chamando a atenção de quem passava pelo local. “Este tipo de performance é importante para que as pessoas visualizem e compreendam a real situação em que vive um animal explorado em circo”, disse Deolinda Eleutério, 52, Coordenadora de Voluntários da ONG Veddas e vegetariana há 8 anos.
Nos bastidores do circo, sem o olhar da platéia, os animais que não escolheram estar lá são treinados à base de dor, castigos e privações. Tudo isso para que realizem números totalmente estranhos ao comportamento de suas espécies”, explica George Guimarães, presidente do VEDDAS (Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais e Sociedade).
Para o presidente do grupo Holocausto Animal, Fábio Paiva, a luta dos ativistas para acabar com a exploração de animais em circo está perto da vitória. O assunto está sendo debatido na Câmara dos Deputados por meio do Projeto de Lei 7291/06. “Ao votarem pela aprovação dessa lei, os parlamentares estarão representando o anseio da sociedade moderna, que não aceita que os animais sejam tratados como meros objetos. As pessoas querem ver arte e não humilhação e exploração”, afirmou Paiva.
Participando pela primeira vez de uma manifestação, Fernanda Franco, 28, escritora, disse que "estou aqui porque acredito que os animais de um modo geral precisam da nossa presença e força, precisam saber que nos importamos com eles. Nosso papel como seres humanos deveria ser o de zelar por eles, pelos direitos que lhes são inerentes, como o direito à vida e à liberdade. Definitivamente, lugar de animais não é nos circos, nem em qualquer outra condição de exploração."
sábado, 6 de dezembro de 2008
opinião de jose saramago
e ele tem razão:
HUMANIDADE:
A história da humanidade é um desastre contínuo. Nunca houve nada que se parecesse com um momento de paz. Se ainda fosse só a guerra, em que as pessoas se enfrentam ou são obrigadas a se enfrentar... Mas não é só isso. Esta raiva que no fundo há em mim, uma espécie de raiva às vezes incontida, é porque nós não merecemos a vida. Não a merecemos. Não se percebeu ainda que o instinto serve melhor aos animais do que a razão serve ao homem. O animal, para se alimentar, tem que matar o outro animal. Mas nós não, nós matamos por prazer, por gosto. Se fizermos um cálculo de quantos delinqüentes vivem no mundo, deve ser um número fabuloso. Vivemos na violência. Não usamos a razão para defender a vida; usamos a razão para destruí-la de todas as maneiras -no plano privado e no plano público.
HUMANIDADE:
A história da humanidade é um desastre contínuo. Nunca houve nada que se parecesse com um momento de paz. Se ainda fosse só a guerra, em que as pessoas se enfrentam ou são obrigadas a se enfrentar... Mas não é só isso. Esta raiva que no fundo há em mim, uma espécie de raiva às vezes incontida, é porque nós não merecemos a vida. Não a merecemos. Não se percebeu ainda que o instinto serve melhor aos animais do que a razão serve ao homem. O animal, para se alimentar, tem que matar o outro animal. Mas nós não, nós matamos por prazer, por gosto. Se fizermos um cálculo de quantos delinqüentes vivem no mundo, deve ser um número fabuloso. Vivemos na violência. Não usamos a razão para defender a vida; usamos a razão para destruí-la de todas as maneiras -no plano privado e no plano público.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
Ator Martin Shaw diz que tornar-se vegetariano foi a melhor decisão de sua vida
Em entrevista recente ao popular tablóide inglês Daily Mirror, o ator Martin Shaw disse que 'seja vegetariano' foi o melhor conselho que ele acatou em sua vida. "Isso quer dizer que eu não estou envolvido em matar. Foi depois de uma conversa que durou toda a noite, mas eu não precisei de muita persuasão e no dia seguinte eu já era vegetariano. A questão se resume a uma pergunta: você pode ser saudável sem matar animais? Se a resposta é sim, então a única razão pela qual você está matando é porque você gosta do sabor. Mas você não pode tirar uma vida simplesmente porque você gosta do seu sabor."
Em entrevista recente ao popular tablóide inglês Daily Mirror, o ator Martin Shaw disse que 'seja vegetariano' foi o melhor conselho que ele acatou em sua vida. "Isso quer dizer que eu não estou envolvido em matar. Foi depois de uma conversa que durou toda a noite, mas eu não precisei de muita persuasão e no dia seguinte eu já era vegetariano. A questão se resume a uma pergunta: você pode ser saudável sem matar animais? Se a resposta é sim, então a única razão pela qual você está matando é porque você gosta do sabor. Mas você não pode tirar uma vida simplesmente porque você gosta do seu sabor."
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
CHEIOS DE BOAS INTENÇÕES - Rafael Bán Jacobsen
O que há de comum entre a modelo Isabeli Fontana, o ornitólogo Alexandre Aleixo e um macaco bonzinho? Para responder essa pergunta aparentemente sem nexo, é melhor conhecermos um pouco mais de cada um deles.
Isabeli Fontana é uma famosa modelo brasileira que, no dia 24 de outubro de 2008, teve a felicidade de comemorar os dois aninhos de seu caçula, o Lucas. Isabeli montou um pequeno zoológico na festa. “Fiz questão de colocar os bichinhos para as crianças terem esse contato com a natureza, que eu acho muito importante”, explicou. A decisão da modelo fez sucesso entre os pequenos convidados do aniversário. O aniversariante adorou a surpresa e mostrou afinidade com os coelhos e seus filhotinhos. “Levar para casa, nem pensar”, alertou a top. As fotos veiculadas pela imprensa mostram um pouco de como foi lúdico e bucólico esse pretenso “contato com a natureza”: patos, coelhos , galinhas e outros bichos se espremiam em gaiolas minúsculas, muito provavelmente em um ambiente cheio de gritos de crianças entremeados às mais novas pérolas da música infantil. A imprensa não entrou em detalhes a respeito do cardápio, mas não é difícil adivinhar que cachorrinhos-quentes, coxinhas e doces atolados e ovos e laticínios marcaram presença.
Já Alexandre Aleixo é um ícone da ornitologia e da preservação ambiental no Brasil. Além disso, é exímio caçador de passarinhos. Em suas pesquisas na floresta, sempre leva uma espingarda calibre 16. Derruba das árvores tucanos, mutuns e arapaçus. À bala. Os animais abatidos são empalhados e levados para a coleção de ornitologia de um museu no Pará. Apesar de admitir que, no começo, não foi fácil matar os animais para estudá-los, hoje se sente tranqüilo com o ato, pois, como aprendeu com seus sábios professores, não há alternativa senão “coletá-los”. Outro aspecto que lhe serve para apascentar a alma e dormir em paz de noite com seu travesseirinho é, em suas próprias palavras, o fato de não se considerar “um indivíduo de uma espécie especial e glorificada da natureza, como muitos entendem a humanidade”. Essa lição de humildade o fez ver que o hábito humano de sacrificar animais não é isolado na natureza, pois os predadores fazem isso como atividade essencial para sua sobrevivência. De acordo com a lógica nada lógica de Aleixo, se o leão da savana africana está com fome e ataca o gnu, podemos fuzilar pássaros tranqüilamente. Uma coisa leva à outra, é claro.
E o macaquinho? Pois bem: num canto do Brasil, vivia um macaco que era conhecido por sua extrema bondade e por gostar de ajudar os outros animais. Um dia, o macaco aproximou-se de um rio e ficou observando suas águas claras. Viu um pequeno peixe que passeava em busca de alimento, sem se preocupar com a sua presença. O macaco ficou então muito preocupado, achando que o peixe estava com frio e poderia morrer afogado naquele imenso rio. Resolveu ajudar o pobre peixinho. Arriscando-se em cima de um tronco que flutuava, conseguiu agarrar o peixe em seu passeio. Sentiu então que ele estava gelado e pensou no frio que ele, pobrezinho, tinha passado, sem que ninguém o ajudasse. Decidiu então levá-lo para casa e esquentá-lo em seus pêlos. Ao acordar na manhã seguinte, viu que o peixinho estava morto. Ficou triste, mas não se preocupou demais, pois sabia que tinha tentado tudo para ajudar o amigo.
E então: o que há de comum entre eles? Basicamente duas coisas. A primeira é que adoram os animais e a natureza. A segunda (e mais perigosa) é que estão cheios de boas intenções.
O que nenhum dos três aparentemente sabe é que para “cuidar” dos animais e da natureza não precisamos gostar deles, nem ao menos ter boas intenções. Basta que respeitemos os animais como seres sensíveis e conscientes que são e a natureza toda como o mecanismo poderoso que é e do qual somos apenas uma ínfima peça. Não precisamos fazer muito. Aliás, não precisamos fazer nada. Precisamos, sim, deixar de fazer muitas coisas. Precisamos parar de encarar animais como produtos, que servem para tudo, desde nos fornecer comida até fazerem as vezes de objetos de decoração em nossas festas, lado a lado com balões e bonecos de plástico. Precisamos parar de encarcerar animais para exibi-los e, ainda, acreditarmos que, com isso, fazemos o bem. Precisamos parar de, pretensiosamente, acreditar que a salvação da natureza está em nossas mãos e que, se julgarmos preciso, devemos fuzilar animais para catalogá-los. Precisamos parar de pensar de maneira antropocêntrica e aceitar as mais simples verdades: animais não gostam de estar em gaiolas, animais não querem ser comidos, animais têm o seu ambiente natural e não se importam nem um pouco com nossos catálogos. Assim procedendo, estaremos aptos para encarar a mais elementar (mas também a mais desconcertante) dessas verdades: a natureza não precisa de nós, humanos, para nada. Pelo contrário, o que de melhor podemos fazer por ela é deixá-la em paz.
Na ânsia de conhecer, de compreender, de admirar a beleza associada à natureza e aos animais, fazemos as piores atrocidades possíveis. Mas sempre cheios de boas intenções.
Esquecemos, porém, que há um “certo lugar” que está repleto de pessoas assim como nós, cheias de boas intenções. O inferno? Sim, mas não um mítico e sulfuroso inferno post mortem: com tantas boas intenções, o inferno é aqui e agora.
Isabeli Fontana é uma famosa modelo brasileira que, no dia 24 de outubro de 2008, teve a felicidade de comemorar os dois aninhos de seu caçula, o Lucas. Isabeli montou um pequeno zoológico na festa. “Fiz questão de colocar os bichinhos para as crianças terem esse contato com a natureza, que eu acho muito importante”, explicou. A decisão da modelo fez sucesso entre os pequenos convidados do aniversário. O aniversariante adorou a surpresa e mostrou afinidade com os coelhos e seus filhotinhos. “Levar para casa, nem pensar”, alertou a top. As fotos veiculadas pela imprensa mostram um pouco de como foi lúdico e bucólico esse pretenso “contato com a natureza”: patos, coelhos , galinhas e outros bichos se espremiam em gaiolas minúsculas, muito provavelmente em um ambiente cheio de gritos de crianças entremeados às mais novas pérolas da música infantil. A imprensa não entrou em detalhes a respeito do cardápio, mas não é difícil adivinhar que cachorrinhos-quentes, coxinhas e doces atolados e ovos e laticínios marcaram presença.
Já Alexandre Aleixo é um ícone da ornitologia e da preservação ambiental no Brasil. Além disso, é exímio caçador de passarinhos. Em suas pesquisas na floresta, sempre leva uma espingarda calibre 16. Derruba das árvores tucanos, mutuns e arapaçus. À bala. Os animais abatidos são empalhados e levados para a coleção de ornitologia de um museu no Pará. Apesar de admitir que, no começo, não foi fácil matar os animais para estudá-los, hoje se sente tranqüilo com o ato, pois, como aprendeu com seus sábios professores, não há alternativa senão “coletá-los”. Outro aspecto que lhe serve para apascentar a alma e dormir em paz de noite com seu travesseirinho é, em suas próprias palavras, o fato de não se considerar “um indivíduo de uma espécie especial e glorificada da natureza, como muitos entendem a humanidade”. Essa lição de humildade o fez ver que o hábito humano de sacrificar animais não é isolado na natureza, pois os predadores fazem isso como atividade essencial para sua sobrevivência. De acordo com a lógica nada lógica de Aleixo, se o leão da savana africana está com fome e ataca o gnu, podemos fuzilar pássaros tranqüilamente. Uma coisa leva à outra, é claro.
E o macaquinho? Pois bem: num canto do Brasil, vivia um macaco que era conhecido por sua extrema bondade e por gostar de ajudar os outros animais. Um dia, o macaco aproximou-se de um rio e ficou observando suas águas claras. Viu um pequeno peixe que passeava em busca de alimento, sem se preocupar com a sua presença. O macaco ficou então muito preocupado, achando que o peixe estava com frio e poderia morrer afogado naquele imenso rio. Resolveu ajudar o pobre peixinho. Arriscando-se em cima de um tronco que flutuava, conseguiu agarrar o peixe em seu passeio. Sentiu então que ele estava gelado e pensou no frio que ele, pobrezinho, tinha passado, sem que ninguém o ajudasse. Decidiu então levá-lo para casa e esquentá-lo em seus pêlos. Ao acordar na manhã seguinte, viu que o peixinho estava morto. Ficou triste, mas não se preocupou demais, pois sabia que tinha tentado tudo para ajudar o amigo.
E então: o que há de comum entre eles? Basicamente duas coisas. A primeira é que adoram os animais e a natureza. A segunda (e mais perigosa) é que estão cheios de boas intenções.
O que nenhum dos três aparentemente sabe é que para “cuidar” dos animais e da natureza não precisamos gostar deles, nem ao menos ter boas intenções. Basta que respeitemos os animais como seres sensíveis e conscientes que são e a natureza toda como o mecanismo poderoso que é e do qual somos apenas uma ínfima peça. Não precisamos fazer muito. Aliás, não precisamos fazer nada. Precisamos, sim, deixar de fazer muitas coisas. Precisamos parar de encarar animais como produtos, que servem para tudo, desde nos fornecer comida até fazerem as vezes de objetos de decoração em nossas festas, lado a lado com balões e bonecos de plástico. Precisamos parar de encarcerar animais para exibi-los e, ainda, acreditarmos que, com isso, fazemos o bem. Precisamos parar de, pretensiosamente, acreditar que a salvação da natureza está em nossas mãos e que, se julgarmos preciso, devemos fuzilar animais para catalogá-los. Precisamos parar de pensar de maneira antropocêntrica e aceitar as mais simples verdades: animais não gostam de estar em gaiolas, animais não querem ser comidos, animais têm o seu ambiente natural e não se importam nem um pouco com nossos catálogos. Assim procedendo, estaremos aptos para encarar a mais elementar (mas também a mais desconcertante) dessas verdades: a natureza não precisa de nós, humanos, para nada. Pelo contrário, o que de melhor podemos fazer por ela é deixá-la em paz.
Na ânsia de conhecer, de compreender, de admirar a beleza associada à natureza e aos animais, fazemos as piores atrocidades possíveis. Mas sempre cheios de boas intenções.
Esquecemos, porém, que há um “certo lugar” que está repleto de pessoas assim como nós, cheias de boas intenções. O inferno? Sim, mas não um mítico e sulfuroso inferno post mortem: com tantas boas intenções, o inferno é aqui e agora.
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