domingo, 28 de junho de 2009

Vitela: um crime hediondo, ou por que “milk is murder”*

Segundo Paul Kingsnorth (2001), a produção industrial de leite é uma das indústrias mais tristes. Quanto mais leite e laticínios são consumidos, mais as vacas são tratadas como máquinas de produzir leite para seres humanos. De acordo com o grupo PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), cerca de metade das vacas americanas vive em fazendas de produção intensiva. Passam suas vidas em alojamentos de concreto, ligadas a máquinas de ordenhar que, não raro, lhes dão choques elétricos. Mastite e infecções bacterianas, comuns em regimes intensivos, frequentemente deixam resíduos de pus no leite que produzem. Devido à alta demanda por leite, as vacas de hoje produzem o dobro do que produziam há 30 anos e até 100 vezes mais do que produziriam no estado natural. As vacas da década de 1990 viviam apenas cerca de 5 anos, em contraste com os 20 a 25 anos de vida de 50 anos atrás. São entupidas com drogas e químicos para prevenir doenças e aumentar sua produtividade, incluindo o famoso hormônio de crescimento bovino. Os bezerros que são obrigadas a parir regularmente – para estimular a produção de leite – são separados delas em 24 horas. Não tomarão seu leite e serão vendidos como carne. Em 60 dias as vacas serão engravidadas de novo, diz Kingsnorth.

Peter Singer (2002) afirma que a indústria de produção de vitela é a atividade rural intensiva mais repugnante do ponto de vista moral. O termo vitela era reservado aos bezerrinhos abatidos antes do desmame. A carne desses animais muito jovens (macia e pálida porque não comem capim) provinha dos animais indesejados, do sexo masculino, descartados pela indústria leiteira. Um ou dois dias depois do nascimento eles eram levados para o mercado onde, famintos e assustados pelo ambiente estranho e pela ausência das mães, eram vendidos ao matadouro. Na década de 1950 produtores holandeses encontraram uma forma de fazê-los atingir cerca de 200kg (em vez de cerca de 50 kg que pesam os recém-nascidos) sem que sua carne se tornasse vermelha ou menos macia. Para isso os animais passaram a viver em condições extremamente antinaturais, confinados em baias de cerca de 56 cm x 137 cm. Quando pequenos, são acorrentados pelo pescoço para evitar que se virem. O compartimento não tem palha ou qualquer outro tipo de forro onde deitar-se (pois os animais poderiam comê-lo, comprometendo a cor da carne). Sua dieta é líquida, baseada em leite em pó desnatado, vitaminas, sais minerais e medicações que promovem o crescimento. Assim vivem durante cerca de quatro meses, até o abate. Nessa vida miserável, mal podem deitar-se ou levantar-se. Tampouco podem virar-se. Os bezerrinhos sentem uma falta imensa de suas mães. Também sentem falta de alguma coisa para sugar, uma necessidade tão forte quanto nos bebês humanos: quando se oferece um dedo ao bezerro, ele começa a chupá-lo como um bebê humano faz com seus polegares. Entretanto, desde o primeiro dia de confinamento, bebem sua refeição líquida num balde de plástico. Distúrbios estomacais e digestivos são comuns e também a diarreia crônica. O bezerro é mantido anêmico. A carne rosa, pálida, considerada uma iguaria, é na verdade uma carne anêmica. Para que cresçam rapidamente, a maioria é deixada sem água, pois isso aumenta o consumo de seu substituto lácteo. A monotonia é outra fonte de sofrimento. Para reduzir a agitação dos bezerros entediados, muitos produtores os deixam no escuro. Assim, os bezerros já carentes de afeição, atividade e estimulação que sua natureza requer, veem-se privados do contato visual com outros também. Os bezerrinhos mantidos nesse regime são muito infelizes e pouco saudáveis. Isso é o que aconteceu com o seu jantar no tempo em que ele ainda era um animal, diz Singer.

E a vitela no Brasil, como é produzida?

Ainda que nem todas as etapas descritas por Singer e Kingsnorth estejam sempre presentes, a indústria de laticínios e da vitela é marcada pela violação dos corpos das vacas (que são forçadas a engravidar continuamente); pelo sequestro de seu bebê e o roubo de seu alimento; pela tortura em cativeiro (quando há confinamento do bezerro); e pelo assassinato (já que se trata de morte desnecessária, movida por motivos hedonistas e portanto torpes). O correto, do ponto de vista ético, é a total abolição do consumo de leite e seus derivados.


[*]: Alusão ao álbum Meat is Murder, de 1985, da banda britânica The Smiths. Meat is Murder lamenta em tom de luto a desnecessária morte de seres sencientes, isto é, aqueles capazes de experimentar alegria, dor, medo etc. A letra da música assume também um tom raivoso, ao colocar a culpa pelos assassinatos de animais inocentes diretamente no prato de quem os come: “A carne de peru ou novilha (vitela) que fritamos ou cortamos em pedaços não é suculenta ou saborosa, é uma morte sem motivo e morte sem motivo é assassinato”. A letra termina com as perguntas: “Você sabe como os animais morrem? Quem ouve os gritos dos animais?”

domingo, 17 de maio de 2009

*Os Novos Escravos*

Hoje eles são tigres, leões e chimpanzés. Também são elefantes, ursos epequenos animais. Na verdade, os circos não poupam quase nenhuma espécie. Cangurus, hipopótamos, girafas. Avestruzes, porcos, serpentes. O que puderser capturado e exibido. E, principalmente, os que não sejam protegidos. A África, continente por décadas sem leis ou limites, foi insistentemente saqueada para abastecer os circos do mundo todo com suas espécies exuberantes e incomuns. O mesmo se pode falar de regiões asiáticas.

Assim os circos tradicionais sobrevivem. Da ausência de leis e da miséria. Sem isso, não há circo. Os elefantes, por exemplo, sempre foram comprados por bagatela em regiões africanas onde o tráfico que abastece circos consegue mão de obra barata para captura dos animais e qualquer resistência é facilmente corrompida. Regiões pobres da Índia e Tailândia têm fornecido elefantes asiáticos nos últimos anos, além de tigres. Enquanto na América se exibem estes, o tráfico leva animais do Amazonas para longe. Antas,micos-leões, macacos-aranha, araras, onças e outras tantas espécies exclusivas da fauna sul-americana são vistas em países da Europa que ainda insistem neste tipo de negócio. Sem leis para defendê-los são hoje as vítimas do lucro fácil dos circos, que nunca viveram de outra forma.

Porque há algumas décadas os escravos tinham uma outra face. Até que a abolição da escravatura fosse assinada e as leis de direitos humanos começassem a tomar força pelos países influentes, os picadeiros e cartazesdos circos anunciavam outra atração: a exibição humana. Pobres, doentes, escravos, órfãos, estrangeiros, ingênuos ou gente infeliz que, por qual razão seja, se submetia aos comandos de seus "patrões". Estes, cuja vida, como menciona a obra 'Freaks Monstrous', "era freqüentemente uma miséria", ou ainda, "mais semelhante à escravidão que a emprego.". A preferência dos circos era por negros escravos, crianças ou adolescentes, pessoas com retardamento mental ou mesmo aqueles que não tivessem outra opção na sociedade devido a alguma deformidade ou doença. Os circos compravam crianças de pais pobres ou mães solteiras ou as ganhava, com a promessa deque lhes daria uma vida digna. Tudo ilusão, como os próprios espetáculos. Somente uma minoria conseguia ter dinheiro suficiente para se aposentar quando velho e deixar a vida sob a lona.

Haviam até mesmo os “caçadores de talento”, que viviam de encontrar aquelesque seriam os “números” dos picadeiros. Não eram artistas, nem apresentavam qualquer forma de arte. Eram anunciados como “as aberrações da natureza”. Os cartazes e os megafones dos circos conclamavam a população a assistir aapresentação das criaturas mais bizarras da Terra: uma mulher gorda, anões, gigantes, uma mulher barbada e pessoas com as mais inimagináveis anomalias. Crianças com duas cabeças, mulheres sem os braços ou as pernas, homens que eram fusão com alguma espécie animal, gêmeos “siameses” e tudo o que a mente dos donos de circos pudesse alcançar. O próprio têrmo “siameses” passou a ser usado popularmente para gêmeos xifópagos a partir dos primeiros irmãos a surgir nos picadeiros, Chang e Eng, comprados de pais pobres do Sião (atual Tailândia) e exibidos como monstros no Barnum Circus, a partir de 1829, até sua morte.

Um circo inglês apresentava Sara Baartma, uma negra trazida da África, do povo hotentote. Os cartazes do circo valorizavam o volume incomum de suas nádegas, chamando-a de “A Vênus Negra”. Era exposta seminua por 12 horas diárias no circo, além do que sofria abusos sexuais. Millie-Christine, “A Rouxinol de Duas Cabeças” era, na verdade, duas irmãs xifópagas, unidas na altura do osso sacro. Nascidas escravas, foram vendidas para um empresário de eventos. Ensinadas a cantar, foram exibidas em diversos lugares e vendidas outras vezes. Eram submetidas a uma rotina cansativa de trabalho,além de sofrerem constantes abusos sexuais. Um dos mais conhecidos, sem dúvida, foi Joseph Merrick, ou “O Homem-Elefante”. Nascido com uma deformidade que tomou conta de 90% de seu corpo e perdendo a mãe logo cedo, acabou por submeter-se ao dono de um circo, onde era exibido numa jaula. Durante uma certa apresentação em Paris, em que, devido à doença, não conseguia se pôr de pé, foi espancado pelo dono do circo com tanta violência, que revoltou a platéia.

Os donos de circo, sempre oportunistas, souberam viver das ocasiões que lhes favorecia. Da escravidão ou da pobreza. Da falta de leis ou mesmo da ignorância da população comum. Ricos empresários de circo como o famoso Phineas T. Barnum que “importava” as “aberrações” de qualquer parte do globo para expor em seu picadeiro, logo eram imitados pelos circos menores. Lembremos que Barnum, é o grande inspirador dos empresários de circos tradicionais que existem por todo o mundo até hoje. A astúcia de Barnum pelo lucro, aliás, é inquestionável. A historiadora Marian Murray, em seu livro 'Circus!', menciona que Barnum foi conhecido por muitos como um "malandro, eterno mentiroso e um trapaceiro sem escrúpulos que perpetuou uma série de fraudes engenhosas a um público que ele via como bobos.".

E não é para menos. Apenas três meses após o lançamento da obra “A Teoriadas Espécies”, por Charles Darwin, Barnum apresentou em seus espetáculos “O Elo”, um ser que ele anunciava ser “o elo perdido de Darwin”, “a criatura intermediária entre o Homem e o macaco”. Não era nada mais que um dos “artistas” de Barnum, dentro de uma jaula e emitindo sons tentando imitar um animal.

Os “Homens Selvagens de Bornéo” não eram, na verdade, selvagens nem deBornéo. Eram um par de anões gêmeos que sofriam de retardamento mental, que Barnum vestia e apresentava como pigmeus selvagens que falavam em sua “língua nativa”. O “Homem-Cachorro” era, na verdade, um homem que, apesar de falar, pensar e realizar qualquer coisa de modo normal, apenas por sofrer de uma anomalia que provocava excesso de pêlos pelo corpo, era mostrado em uma jaula, rosnando e imitando uma fera. O circo anunciava que ele havia sido capturado em uma caverna, por caçadores na Rússia.

Mas esses são, apenas alguns breves casos que faziam parte dos espetáculos que visitavam cidades e cidades, impressionando gente humilde e enriquecendo os “empresários” de coleções bizarras que assombravam a Terra. O “Homem deTrês Pernas”, o “Homem de Três Olhos”, O “Monstro Sem Pernas”, a “Mulher Cara de Mula”, o “Esqueleto-Vivo” e outros “monstros” estariam ainda nos cartazes de circos pregados pelos postes das nossas cidades, não fossem as leis que começaram, pouco a pouco, proibir a exploração desses infelizes e impedir os donos das casas de “maravilhas” de os exibirem. Primeiro, com aconquista dos grupos abolicionistas, que fez com que negros escravos não fossem mais objetos sem direito. Depois, os advogados e gente empenhada por direitos humanos a pessoas com síndrome de Down ou, por fim, qualquer outra condição que tornasse um indivíduo indefeso.

A princípio, os donos de circo se deslocavam de cidades e países, procurando aqueles locais que ainda facilitassem os espetáculos livres. Mas, à medida que as leis foram se tornando cada vez mais rigorosas e que cada vez mais cidades abraçavam a mesma mentalidade de direitos a pessoas e protegiam esses indefesos, não restava outra coisa aos “empresários” de espetáculos senão, ou abandonarem a rotina destes eventos, ou, outros, passassem a procurar outros “artistas”. Mas desta vez, os que não tivessem a seu favor sindicatos, representantes ou legislação que os protegesse. Assim, as“aberrações” começaram a ser descartadas e “aposentadas” e as feras -os novos escravos!- foram tomando seus lugares.

Hoje são os tigres e elefantes que desfilam pelas ruas fazendo a propaganda do circo que lucra às suas custas. Hoje são os leões e chimpanzés que apanham para realizar “truques” para impressionar o público ingênuo, que, como antes acreditava, continua acreditando que tudo aquilo é só “de mentirinha”, que por trás da lona todos são felizes e que depois do espetáculo a fantasia permanece.

sábado, 16 de maio de 2009

PENAS CHINESAS

Meter uma lagosta viva em água a ferver e cozinhá-la ali é uma velha prática culinária no mundo ocidental. Parece que se a lagosta já for morta para o banho, o sabor final será diferente, para pior. Há também quem diga que a rubicunda cor vermelha com que o crustáceo sai da panela se deve justamente à altíssima temperatura da água. Não sei, falo por ouvir dizer, sou incapaz de estrelar convenientemente um ovo. Um dia vi num documentário como alimentam os frangos, como os matam e destroçam, e pouco me faltou para vomitar.
E outro dia, que não se me apagou da memória, li numa revista um artigo sobre a utilidade dos coelhos nas fábricas de cosméticos, ficando a saber que as provas sobre qualquer possível irritação causada pelos ingredientes dos champús se fazem por aplicação directa nos olhos desses animais, segundo o estilo do negregado Dr. Morte, que injectava petróleo no coração das suas vítimas.
Agora, uma curta notícia aparecida nos jornais informa-me de que, na China, as penas de aves destinadas a recheio de almofadas de dormir são arrancadas assim mesmo, ao vivo, depois limpas, desinfectadas e exportadas para delícia das sociedades civilizadas que sabem o que é bom e está na moda. Não comento, não vale a pena, estas penas bastam.
Texto de José Saramago

Por que nunca ouvimos falar de gripe do Ornitorrinco?

(Por Laércio Vinícius de Almeida )

É simples, porque os seres humanos que se julgam a espécie especialíssima não criam Ornitorrincos aos bilhares para se alimentarem desnecessariamente.
A gripe aviária, doença da vaca louca e agora a gripe suína só fazem confirmar o que os defensores dos direitos animais vêm dizendo há décadas: “Deixem os animais não-humanos em paz, eles são seres que possuem uma vida, vontades próprias, ambientes próprios, sentimentos próprios…” Mas a maioria das pessoas ainda insiste em fazer de conta que nada está acontecendo, ignorando assim, consequências como degradação ambiental e problemas de saúde que são as que mais damos atenção.
E por que isso acontece? Porque ainda estamos a pensar como a velha tradição que diz que o ser humano é senhor do mundo e portanto pode fazer o que quiser com ele, mas a realidade mais uma vez nos convida a ver que somos apenas mais uma espécie animal dentre todos as outras.
O que prova isso? A nossa submissão perante as leis da natureza assim como todas as outras espécies de animais. Somos diferentes sim, mas é só uma questão quantitativa e não qualitativa, não somos melhores do que qualquer outro animal, toda a vida é digna por si só, assim como dor e sofrimento são ruins em si próprios.
Mais uma vez famílias são arrasadas por nosso péssimo e ultrapassado hábito de alimentação, pessoas estão morrendo por causa da gripe suína e outras tantas morrem todos os dias de doenças que advém da dieta baseada no consumo de produtos de origem animal: rica em gordura saturada, colesterol e antibióticos usados na criação acelerada para o abate e maximização dos lucros, e baixa quantidade de fibras e vitaminas que previnem e nutrem o nosso corpo contra doenças fazendo com que o organismo humano funcione de uma forma mais leve e harmônica com a natureza.
Provavelmente conseguiremos mais uma vez controlar esse surto, mas isso só passa de um leve engano. A natureza encontrará meios para que a vida não seja violada, a simples contaminação por um vírus de uma espécie para a outra implica em várias violações naturais. Nem suínos, nem aves, nem bovinos e outras animais que são chamados de exóticos evoluíram para viverem confinados e assassinados para que seus pedaços e entranhas fossem servidos em um prato e chamados de alimento.
Estamos pagando por nossas escolhas, escolhas estas que estão sendo feitas sem o mínimo de questionamento, ou criamos critérios para nossas atitudes perante a natureza ou vamos morrer por nossas próprias mãos.
Quem sabe o mínimo sobre a estrutura e o poder de destruição dos vírus sabe que a diferença de
tempo entre a nossa espécie estar “reinando” e estar em extinção… é de pouco tempo!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Cidade belga terá dia da semana 'vegetariano'

Chris Mason
Da BBC News em Ghent

A prefeitura da cidade belga de Ghent lançou uma campanha para tentar convencer seus cidadãos a abrirem mão do consumo de carne pelo menos um dia por semana.
A ideia da iniciativa, lançada nesta semana, é de criar o "dia vegetariano", com os servidores públicos e vereadores dando o exemplo inicial a ser seguido, aos poucos, pelo resto da população local.
A intenção da prefeitura é chamar a atenção para o impacto da criação de rebanhos sobre o meio ambiente.
Segundo a ONU, os rebanhos de animais como gado, ovelhas e porcos é responsável por um quinto das emissões globais dos gases que provocam o efeito estufa, daí a decisão do governo local de criar o "dia vegetariano".
Os servidores e políticos serão os primeiros a abdicar de carne um dia por semana, mas a partir e setembro, os estudantes das escolas públicas também vão aderir ao dia vegetariano.
Com a medida, a prefeitura espera diminuir as emissões dos gases causadores de efeito estufa na cidade, além de ajudar no combate à obesidade.
A prefeitura agora vai imprimir cerca de 90 mil "mapas vegetarianos" de Ghent, localizando os restaurantes de comida vegetariana.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

*PROTETORES DE ANIMAIS QUE COMEM CARNE*

(Ivana Maria França de Negri)
Nunca vi tamanha hipocrisia, como essa de protetores de animais que comem a carne dos mesmos animais que protegem...
É uma incoerência sem tamanho, e as pessoas certamente não param para pensar no que fazem. Tratam os animais de estimação como filhos, conversam com eles, colocam roupinhas, compram ração das mais caras. Mas fecham os olhos para toda a barbárie a que são submetidos os animais criados para consumo, desde que nascem até o momento em que sobem a rampa do matadouro.
Alguns dão a desculpa de que os seres humanos não podem sobreviver sem a carne. Mas cada vez mais, pessoas se tornam vegetarianas e conheço muitas que o são desde o nascimento e estão muito saudáveis, prova viva de que carne não faz falta. Outras dizem que é cultural, mas é muito cômodo dizerisso e continuar com a farsa de que são protetores de animais, mas são“obrigados” pelo sistema a consumir carne.
Prestei serviço voluntário numa entidade de proteção aos animais por 11anos. Via muita gente desesperada e revoltada com as eutanásias que os CCZs praticavam em animais de rua que ninguém queria. Mas jamais mencionavamas milhares de mortes de outros animais nos abatedouros, sem anestesia.
Animais que foram criados pelos métodos mais cruéis – geralmente o que for de menor custo ao produtor - longe das mães, sem carinho algum dos humanos que jamais zelam pelo bem-estar dos animais, levando uma vida de sofrimentosem fim até que a morte os liberte do martírio. Qual a diferença? É diferente a dor de um cão da de um carneiro? A dor de um gato da dor de um porco? Por que um boi pode ser morto amarretadas, sem pré-anestesia, e ninguém tem piedade dele? O que fazem os protetores carnívoros nesta hora?
E o que dizer dos veterinários que, literalmente, devoram seus pacientes?
Falta muito ainda para a humanidade evoluir. Cansei da hipocrisia daspessoas que se dizem protetoras de animais e se alimentam dos cadáveres deles. Se tivessem que fazer o serviço sujo com as próprias mãos, a história seria diferente.
Muitos protetores acabam naturalmente se tornando vegetarianos, pois não existe lógica em proteger alguns e devorar outros. É uma questão de ética ecoerência.
Em alguns lugares da China o povo consome a carne de cães. Isso horroriza aspessoas do ocidente. E na Índia, sendo os bois sagrados, seus habitantes devem horrorizar-se com o hábito de outros países de consumir a carne bovina.
O fato de a igreja considerar pecado comer carne vermelha na sexta-feirasanta é outra coisa que não consigo compreender..
É pecado comer carnevermelha, mas carne de peixe pode. Peixe não é carne? Bacalhau não é carne? Para mim é pecado comer carne todos os dias!
Um dia todos vão acordar e entender que nossos corpos não são cemitério para enterrar neles os cadáveres dos animais para apodrecer. A lei da causa e efeito é implacável, e surgem cada vez mais casos de cânceres pelo consumo exagerado de carne.
Os animais não são meros objetos para nos utilizarmos deles a nosso bel prazer, e sim seres em evolução, que compartilham com os humanos a vida neste planeta..
As leis também são injustas. A mesma lei que penaliza quem maltrata um cão ou um gato, não serve para os animais de consumo, que podem ser maltratadosà vontade, desde que o objetivo final seja a alimentação humana. Um absurdo!

*"Se os matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos." **
(Paul e Linda Mc Cartney)

terça-feira, 14 de abril de 2009

Vegetarianismo: por que eu devo engolir essa?

Começo com as palavras do filósofo gaúcho Carlos Naconecy:
Há diversos modos pelos quais você pode se relacionar com os animais. Essa relação pode ser intermediada por um sofá, sobre o qual você e seu gato de estimação passam juntos os domingos à tarde. O que liga fisicamente você a um cão de companhia pode ser a coleira usada para puxar o animal pela calçada aos finais de semana. Ou mesmo as grades de uma jaula através das quais tentamos jogar comida a um urso no zoológico. Há várias outras possibilidades, mas em torno de 99% dos casos, a relação dos seres humanos com os animais no nosso planeta se dá por outra via: por meio de um garfo e de uma faca.
É a mais pura verdade. A esmagadora maioria dos animais que passam por nossas vidas surgem já mortos, nos supermercados ou diretamente em nossos pratos, e com eles temos uma relação muito breve, que se encerra quando cortamos seus corpos com garfos e facas, levamos a nossas bocas, trituramos com os dentes e, por fim, engolimos. As pessoas adoram comer carne. As pessoas comem muita carne, e cada vez mais. Um dos primeiros indícios de aumento na renda de uma população é o aumento do consumo de carne. Basta ganhar uns trocados a mais que a pessoa corre para o açougue mais próximo. Por que isso? Porque comer carne, no senso comum, é sinônimo de comer bem, é sinônimo de elegância, é um luxo. Mas será mesmo?
Comer bem é ingerir alimentos que sejam capazes de nutrir nossos corpos e manter ou melhorar nossa saúde. Pesquisas têm demonstrado que dietas vegetarianas podem proporcionar melhores condições para uma vida mais longa e saudável. Estatisticamente, é entre os consumidores de carne, ovos e laticínios que há maior incidência de males cardiovasculares, artrite, diabetes e osteoporose. A carne vermelha, em especial, é a segunda maior causa de câncer, perdendo apenas para o fumo. Em 1997, a ADA (Associação Dietética Americana) revisou os trabalhos científicos sobre o vegetarianismo e se posicionou: “O posicionamento da ADA é de que, quando planejada adequadamente, a dieta vegetariana é saudável, nutricionalmente adequada e resulta em benefícios à saúde e na prevenção e tratamento de certas doenças.” Essa adequação é descrita para todos os estágios da vida (infância, idade adulta, senilidade, gestação e amamentação). Será que estamos de fato comendo bem quando, em volta da churrasqueira, nos fartamos com costelas, picanhas, lombinhos e galetos?
Seja como for, a última palavra que poderia ser usada para definir o consumo de carne é “elegante”. A produção e o comércio de carne são inesgotáveis fontes de grosseria e brutalidade. A comparação dos horríveis espetáculos, sons e odores de um matadouro com a beleza e o perfume de uma horta ou pomar não deixa dúvidas quanto a isso. Todos animais que consumimos (bois, frangos, porcos) são tão sensíveis à dor e passíveis de sofrimento quanto nós ou quanto nossos animais de estimação. No entanto, na indústria do matadouro, são criados em privação de liberdade e mortos de forma cruel. Matar um animal para depois sangrá-lo, arrancar-lhe a pele e as vísceras e então engoli-lo pode ser muitas coisas, mas, por certo, não é nada elegante.
Além disso, o ato de comer carne está diretamente ligado com a poluição e a devastação do meio ambiente. Segundo um relatório recente da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), os animais criados para alimentação emitem mais gases perigosos ao meio ambiente do que o transporte, além de degradar o solo e a água. A expansão das pastagens é também um dos principais responsáveis pelo desmatamento de florestas, pois ocupa 70% das áreas desmatadas da Amazônia e, em boa parte do restante, é cultivada soja para produção de ração animal. Outros danos causados pela pecuária citados pela FAO são a erosão e compactação do solo e a perda de biodiversidade nativa. É ainda um dos principais poluentes das águas, criando zonas mortas em áreas costeiras, degradação dos recifes de coral, problemas de saúde humana, etc. Trocando em miúdos: a criação de animais para consumo humano não tem nada de luxo – gera muito lixo, isso sim!
Em um mundo que necessita, mais do que nunca, de saúde, de cuidados com a natureza e de paz, é importante que todos nós façamos nossa parte, mudando certos hábitos. Aprender a se relacionar com os animais de outras formas, e não através do garfo e da faca, é um ótimo começo.

por Rafael Bán Jacobsen

terça-feira, 31 de março de 2009

Vaca percorre quase 100 km para escapar do abate


Uma vaca percorreu quase 100 quilômetros em nove meses para escapar do abate. O animal fugiu de seu proprietário quando estava sendo descarregado em um mercado em Thirsk (Reino Unido), segundo o jornal inglês "Daily Mail".

Apelidada de a "Besta de Ealand", o animal está agora livre de parar no açougue após ser comprado por Sue McAuley e Tracey Jaine, que pagaram 500 libras (cerca de R$ 1.625) pela vaca e a transportaram para um santuário de animais em Frettenham, no Reino Unido.

Wendy Valentine, fundadora do santuário Hillside, que cuida principalmente de animais que fugiram de fazendas, disse que, quando recebeu a primeira chamada, pensou que a entidade tinha que ajudar. "Ela vai ficar com a gente pelo resto de seus dias", afirmou Wendy.

"Vê-la descer em Hillside foi fantástico", disse Sue McAuley, de 42 anos, que trabalha como assistente administração em uma faculdade em Ealand. Segundo ela, a vaca merece estar viva depois de conseguir se cuidar sozinha por quase um ano.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Ato na Avenida Paulista lembra o Dia Internacional dos Direitos Animais

Fonte: http://www.anda.jor.br/
Cerca de 200 manifestantes se reuniram hoje (07/12) na Avenida Paulista, uma das mais movimentadas de São Paulo, para lembrar o Dia Internacional dos Direitos Animais, comemorado oficialmente na próxima quarta-feira, dia 10. A ação, promovida pelos grupos VEDDAS e Holocausto Animal, com a colaboração da ONG Rancho dos Gnomos, pedia o fim da exploração de animais em circos. Ativistas e simpatizantes da causa participaram do ato com faixas, cartazes e distribuição de panfletos informativos que questionavam qual a lição que uma criança podia tirar ao ver um elefante subir em um banquinho ou um urso andando de bicicleta.

Uma carreta de transporte de animais de circo foi usada para expor o sofrimento por que passam os bichos. Dez ativistas com os rostos pintados representando leões, tigres, ursos, chimpanzés ficaram dentro da jaula, chamando a atenção de quem passava pelo local. “Este tipo de performance é importante para que as pessoas visualizem e compreendam a real situação em que vive um animal explorado em circo”, disse Deolinda Eleutério, 52, Coordenadora de Voluntários da ONG Veddas e vegetariana há 8 anos.

Nos bastidores do circo, sem o olhar da platéia, os animais que não escolheram estar lá são treinados à base de dor, castigos e privações. Tudo isso para que realizem números totalmente estranhos ao comportamento de suas espécies”, explica George Guimarães, presidente do VEDDAS (Vegetarianismo Ético, Defesa dos Direitos Animais e Sociedade).

Para o presidente do grupo Holocausto Animal, Fábio Paiva, a luta dos ativistas para acabar com a exploração de animais em circo está perto da vitória. O assunto está sendo debatido na Câmara dos Deputados por meio do Projeto de Lei 7291/06. “Ao votarem pela aprovação dessa lei, os parlamentares estarão representando o anseio da sociedade moderna, que não aceita que os animais sejam tratados como meros objetos. As pessoas querem ver arte e não humilhação e exploração”, afirmou Paiva.

Participando pela primeira vez de uma manifestação, Fernanda Franco, 28, escritora, disse que "estou aqui porque acredito que os animais de um modo geral precisam da nossa presença e força, precisam saber que nos importamos com eles. Nosso papel como seres humanos deveria ser o de zelar por eles, pelos direitos que lhes são inerentes, como o direito à vida e à liberdade. Definitivamente, lugar de animais não é nos circos, nem em qualquer outra condição de exploração."

sábado, 6 de dezembro de 2008

opinião de jose saramago

e ele tem razão:
HUMANIDADE:
A história da humanidade é um desastre contínuo. Nunca houve nada que se parecesse com um momento de paz. Se ainda fosse só a guerra, em que as pessoas se enfrentam ou são obrigadas a se enfrentar... Mas não é só isso. Esta raiva que no fundo há em mim, uma espécie de raiva às vezes incontida, é porque nós não merecemos a vida. Não a merecemos. Não se percebeu ainda que o instinto serve melhor aos animais do que a razão serve ao homem. O animal, para se alimentar, tem que matar o outro animal. Mas nós não, nós matamos por prazer, por gosto. Se fizermos um cálculo de quantos delinqüentes vivem no mundo, deve ser um número fabuloso. Vivemos na violência. Não usamos a razão para defender a vida; usamos a razão para destruí-la de todas as maneiras -no plano privado e no plano público.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Ator Martin Shaw diz que tornar-se vegetariano foi a melhor decisão de sua vida

Em entrevista recente ao popular tablóide inglês Daily Mirror, o ator Martin Shaw disse que 'seja vegetariano' foi o melhor conselho que ele acatou em sua vida. "Isso quer dizer que eu não estou envolvido em matar. Foi depois de uma conversa que durou toda a noite, mas eu não precisei de muita persuasão e no dia seguinte eu já era vegetariano. A questão se resume a uma pergunta: você pode ser saudável sem matar animais? Se a resposta é sim, então a única razão pela qual você está matando é porque você gosta do sabor. Mas você não pode tirar uma vida simplesmente porque você gosta do seu sabor."